quinta-feira, 23 de agosto de 2018

BRASIL TEM 370 MIL ESCRAVOS MODERNOS AFIRMA RELATÓRIO DE ONG DO TRABALHO

O relatório da ONG Walk Free Foundation mostra que o Brasil tem 1,8 escravo moderno a cada mil habitantes. Para um país de aproximadamente 210 milhões de habitantes, são quase 370 mil escravos em todo o país.

O relatório foi pela primeira vez crítico ao Brasil, já que de 2005 até 2014 era elogiado pelas medidas efetivas de combate ao trabalho escravo, o que conferia ao país nota equiparada ao Canadá, Dinamarca e Finlândia. Agora, o Brasil ocupa a 20ª posição e um dos piores entre os países do G20.
O Brasil, em 2017, voltou figurar entre os países da lista suja, quando alterou a definição de trabalho escravo. A maior e mais profunda é criticada alteração na definição de trabalho escravo foi a necessidade de coação por arma de fogo, para que seja classificado o trabalho escravo. Ou seja, só é trabalho escravo, no Brasil, quando há um capataz armado, Caso contrário, não.
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sábado, 18 de agosto de 2018

O curioso caso da fortuna de Amoedo

Amoedo é um elemento singular no processo eleitoral brasileiro. Ele mostrou, no mínimo, dois pontos que todo brasileiro deve – ou deveria – saber sobre a própria política brasileira:

(a) Você pode ter mais de meio bilhão de reais e, mesmo assim, não ter poder político suficiente para subir 1% nas pesquisas eleitorais brasileiras.
(b) A maioria dos brasileiros odeia o sucesso alheio e é invejosa.
Sim, somos invejosos. Não conseguimos lidar com o sucesso alheio. Principalmente no cado de João Amoedo que declarou incríveis 452 milhões de reais em valor patrimonial. O cara é bem sucedido na sua vida pessoal. Sua trajetória pessoal possibilitou a aquisição de um patrimônio que 99% dos brasileiros nem sequer sonha em ter.
Muitos, em seu lugar, não estariam e nem chegariam perto da política brasileira. Estariam farreando, morando fora do país. Devemos dar crédito ao João Amoedo em um ponto: no meio de tudo, ainda tem coragem de botar a cara em jogo e também o seu patrimônio.
Enquanto os outros candidatos declaram menos de um milhão de reais, tendo uma vida política de mais de 40 anos, e jogam na cara do Brasileiro como ele prefere ser feito de palhaço a ser tratado como igual. E a mídia ainda se espanta quando outro candidato à presidência, Jair Bolsonaro, declara dois milhões de reais em patrimônio.
Outro ponto interessante foi que o discurso da esquerda sobre “é o dinheiro que manda” caiu por terra. Um candidato que tem meio bilhão de recursos próprios não atinge nem 1% da pesquisa eleitoral. Bizarro, não? Enquanto aquele que declarou um milhão e trezentos mil reais, tem 8% das intenções de voto.
Sim, vão falar que banqueiros têm influência e dinheiro. O problema é que os bancos podem vencer a concorrência, porque detém poder político. Não poder econômico. A fonte da corrupção não é o dinheiro, é o poder. Ele também é a fonte de toda e qualquer corrupção.
A questão maior é que o Brasil não está pronto para pessoas como Amoedo – bem sucedido em sua vida pessoal – e o Amoedo não está pronto para o Brasil. Estão excluindo João do debate por medo de perderem votos. Por medo de que o brasileiro acorde do seu sono invejoso e rancoroso, que perceba que o Brasil tem jeito, tem novos caminhos. E esse caminho não compreende o messianismo e tampouco a esquerda. Novos caminhos para um Brasil mais livre, menos dependente de políticos: esse é o medo real.
https://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-curioso-caso-da-fortuna-de-amoedo/

domingo, 5 de agosto de 2018

Mulher só não é "Melhor" por pura malandragem das vogais

Ao lado de meninas, as mulheres são social e culturalmente discriminadas e lideram os principais rankings de violência.

Um dia como todos os dias deveriam ser,não podemos nos esquecer que o "8 de Março" não é uma data para comemorar, é um memorial para lutar pela plena igualdade,e deve ser lembrado para que o mundo escute a voz das mulheres.

Respeitar e valorizar toda sua luta para conseguir ter espaço respeitável na sociedade. Para ter direito ao voto,direito a igualdade.
A mulher abriu fronteiras, onde apenas os homens reinavam e vem conquistando seu espaço,mas ainda há muito a ser feito.Hoje é bastante comum ver mulheres atuando em profissões consideradas apenas masculinas. Motoristas de ônibus, pilotam aviões, estão na construção civil, dirigem altos cargos executivos.

Apesar do bem-sucedido avanço das mulheres, a convivência dos gêneros está longe do ideal que é a consciência do papel desempenhado pelas mulheres. Ao lado de meninas, as mulheres são social e culturalmente discriminadas e lideram os principais rankings de violência.

Sabemos que ainda existem países onde as mulheres são consideradas seres inferiores, devendo obediência aos homens, são sacrificadas a uma vida de submissão e humilhação . Primeiro pelos seus pais e depois por seus maridos. Condenadas a uma vida que não escolheram. Aquelas que ousaram desobedecer, foram ultrajadas e mortas em praça pública. Em praça pública por quê? Para amedrontá-las! Era uma ameaça velada, deixando bem claro que o mesmo aconteceria com quem desobedecessem as regras.
Meninas que deveriam estar brincando de bonecas, são oferecidas a homens velhos como esposa. Outras sofrem mutilação dos órgãos genitais!
É tanta crueldade ainda existente contra a mulher,portanto não há o que comemorar.

Terna como uma flor,forte como uma rocha toda mulher deseja ser valorizada. Nenhuma mulher quer chorar. Nenhuma mulher quer ser vista como um ser inferior. Mulher quer ser reconhecida pela coragem com que encara o desafio de ter nascido mulher. Mulher mesmo não lamenta um amor perdido vai em busca de um novo. Ela quer ser amada.Quer ganhar uma flor em um dia normal.Quer ser admirada e acima de tudo, respeitada.Talvez esse seja o sentido de ser mulher… 

SOPA DE PEDRA

Contam que havia nos cafundós do sertão nordestino - em tempos que já se foram - um vigário que costumava percorrer a caatinga, montado num jumento ferrado e guarda-sol aberto, a fim de levar a palavra de Deus aos mais distantes fiéis.

Certa vez, já anoitecia, quando um vigário, sem abrigo e alimento, conseguiu chegar a uma casa. Sem mais demora, pediu que lhe dessem algo para comer. Entretanto, o pedido do padre andarilho, foi, prontamente, negado. Sem perder a calma e de maneira cortês, pediu, então, apenas um pouco d'água para fazer uma sopa de pedra.
Curiosos, os moradores deixaram-no entrar e deram-lhe uma panela de água, na qual, o padre colocou uma pequena pedra lavada e levou a panela ao fogo.


- Isso com um bocadinho de sal seria um ótimo consolo - disse o vigário.
E deram-lhe o sal.
- Ora, bem que uns feijões aqui e ali viriam a calhar - teimava o padre.
E deram-lhe uns feijões.
- Para ter mais sabor, um pedacinho de toucinho, seria o ideal.
E deram-lhe o toucinho.
Assim, ele acrescentou ainda um fio de azeite, umas couves da horta, batata, alho e cebola, até que a sopa ficou um primor e foi consumida até a última gota.
Terminada a janta, seu vigário, muito do bonachão, retirou a pedra da panela, lavou-a, e guardou novamente na sua algibeira, para outras sopas de pedra. Tocou no crucifixo que trazia no peito e disse aos moradores:

- Inté logo, meus filhos! Deus os abençoe!


O Racismo de Karl Marx

"Permita-me dar a você um exemplo da dialética do Sr. Proudon.  A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo.
 Não há nenhuma necessidade para mim falar dos aspectos bons ou maus da liberdade.
 Quanto à escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus.
 A única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão.
 Eu não me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu refiro-me à escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões do sul da América do Norte.
 A escravidão direta é tanto quanto o pivô em cima do qual nosso industrialismo dos dias de hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc.
 Sem escravidão não haveria nenhum algodão, sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que tem dado valor às colônias, foram as colônias que criaram o comércio mundial, e o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquina em grande escala.
 Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias emitiram muito poucos produtos ao mundo velho, e não mudaram visivelmente a cara do mundo.
 A escravidão é conseqüentemente uma categoria econômica de suprema importância. Sem escravidão, a América do Norte, a nação a mais progressista, ter-se-ia transformado em um país patriarcal.
 Apenas apague a América do Norte do mapa e você conseguirá anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna.
 Mas abolir com a escravidão seria varrer a América para fora do mapa. Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações desde o começo do mundo.
Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a escravidão em casa e importá-la abertamente no Novo Mundo.
 Após estas reflexões sobre escravidão, que o bom Sr. Proudhon fará? Procurará a síntese da liberdade e da escravidão, o verdadeiro caminho dourado, em outras palavras o equilíbrio entre a escravidão e a liberdade. ".

- Carta de Karl Marx a Pavel Vasilyevich Annenkov, Paris  Escrita em 28 de dezembro de 1846 Rue dOrleans, 42, Faubourg Namur. Fonte: Marx Engels Collected Works, vol. 38, p. 95. Editor: International Publishers (1975) Primeira publicação: completa no original em francês em M.M. Stasyulevich i yego sovremenniki v ikh perepiske, Vol III, 1912  Tradução em inglês pode ser acessada em  http://www.marxists.org/archive/marx/works/1846/letters/46_12_28.htm 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Aprenda como os bons estrategistas interpretam as pessoas

Sun Tzu - o que ensina a experiência

O grande mestre da estratégia Sun Tzu nos ensina:
 "Quando teus espiões infiltrados no território inimigo te informarem que ali falam baixo, de forma misteriosa e agem discretamente, conclui que premeditam uma ação geral e se preparam: avança contra eles sem demora. Eles querem te surpreender, surpreende primeiro.Se, ao contrário, te informam que eles se mostram barulhentos, orgulhosos e altivos em seus discursos, fica certo que premeditam bater em retirada e não pretendem cair e tuas mãos."
A primeira lição que temos aqui é que o que vamos ou não vamos fazer deve ser definido muito em função do comportamento dos que estão conosco no cenário em que pretendemos agir. Isso quer dizer que uma decisão tomada sem levar em consideração o que os outros estão fazendo e, principalmente, sem uma correta interpretação desses comportamentos é uma decisão precipitada. É um passo na direção do fracasso.

A segunda lição que podemos tirar do texto é a de que o bom estrategista e o ruim fazem leituras diferentes quando olham para a mesma coisa. Essas leituras podem ser inclusive exatamente opostas. E cada um deles vai agir de acordo com o que entende que está acontecendo. Isso quer dizer que cada um deles vai seguir uma direção. O que os levará certamente a lugares - ou resultados - bem diferentes...

Silêncio - o que ele nos diz

O mau estrategista olhará para as pessoas trabalhando discretamente e sem ostentarpoderes e recursos e verá que são apenas um bando de fracos em quem não se vê nada demais porque realmente não têm nada de relevante que se deva temer. O bom estrategista olhará para essas mesmas pessoas e verá que "jogadores" preparados se comportam assim por outra razão. Eles preferem ocultar seus recursos e movimentações porque não querem denunciar sua estratégia. Os bons estrategistas não pretendem que seus adversários se sintam ameaçados e que tomem as devidas providências para se defender. O bom estrategista interpreta o silêncio e a aparente apatia do oponente de outra maneira quando sabe que do outro lado há também um outro bom estrategista.

O mau estrategista se acomodará confiantemente na sua zona de conforto...

O bom estrategista se preparará para o pior.

E quando o pior vier, o destino dos dois deixará claro quem é quem.
  

Ostentação - será verdade?...

O mau estrategista verá a algazarra do espalhafatoso que se vangloria das suas capacidades e das suas condições e ficará com medo do seu discurso assustador. E será um covarde diante de um adversário que provavelmente não está falando exatamente a verdade. E a sua timidez vai fazer mais contra o seu progresso que mil concorrentes fariam. O bom estrategista, por outro lado, sabe que os bons estrategistas só fazem esse tipo de discurso quando sabem que estão diante de covardes crônicos e de idiotas que acreditam que alguém sério seria capaz de revelar seus planos e recursos. Ele sabe que isso no mais das vezes é uma atitude desesperada de quem já viu que não vai resistir a um confronto e que está tentando intimidar os demais com seu discurso para evitar a todo custo a batalha. O bom estrategista, diante dessa confissão de fragilidade, avança, da maneira mais conveniente.

Discurso e comportamento

O bom estrategista foca a atenção nos comportamentos. O mau estrategista foca a atenção nos discursos.

Isso é um princípio básico no trabalho de interpretação das pessoas. 

O que uma pessoa diz até deve ser levado em consideração, mas, apenas dentro de um contexto em que sejam considerados também todos os demais comportamentos. Os movimentos do seu corpo, o tom da sua voz, as expressões faciais. Tudo isso fala e de maneira mais eloquente do que as palavras. 

A biografia também é importante: como se comportou esse indivíduo em situações anteriores parecidas? Qual foi o seu comportamento no âmbito psicológico, ele foi mais ou menos controlado? Ele se retraiu e procurou se esconder em meio a outros que pudessem defendê-lo, ou, tomou a dianteira e comandou a ação? Por quanto tempo ele costuma resistir à pressão psicológica, algumas horas, dias, poucos meses, anos? Ou, ninguém nunca viu esse sujeito mostrar sinal de exaustão? Como ele toma decisões, movido pela primeira emoção mais forte que se apossa dele, ou, ele leva bastante tempo para decidir porque prefere se reunir com seus auxiliares e analisar friamente a questão sob todos os aspectos? 

O comportamento do indivíduo, de hoje e de sempre, dize mais sobre quem ele é e do que é realmente capaz do que as suas palavras.

O discurso é só mais um comportamento a ser devidamente analisado junto a todos os outros... 

Informação além da informação

O bom estrategista se aproveita de tudo o que vê e ouve e, depois, coloca em sua mesa de análises tudo isso e analisa de maneira emocionalmente equilibrada e de forma racional e, assim, acaba chegando a uma outra grande quantidade de informações novas, que não podem ser nem vistas e nem ouvidas. O mau estrategista é raso e não passa da profundidade do que vê e ouve de forma imediata, não sabe como analisar aquilo, e, acredita que a aparência e os discursos são fontes confiáveis da verdade.

O mau estrategista só consegue colher da situação em que se encontra as informações que estão ao alcance dos seus sentidos e das conclusões mais óbvias. 

O bom estrategista, em primeiro lugar, organiza as informações que colheu do ambiente. Depois, sempre de maneira organizada e sistemática, se pergunta sobre as causas de tudo o que está presente no cenário no atual momento. Se ele tem uma maçã na mão, ele sabe que pode concluir com um bom grau de segurança que em algum momento houve uma árvore, que era uma macieira, e se ele pesquisar o tempo de vida de uma macieira ele será capaz inclusive de estimar em que momento aproximadamente essa macieira existiu. Na análise do mau estrategista não aparece macieira nenhuma... Produzidas informações seguras sobre as condições anteriores ele parte, seguindo a mesma lógica, para uma análise da situação decorrente do estado atual do cenário. A maçã se estragará, inevitavelmente, em algum momento, e, se ele está pretendendo comer maçã somente na semana que vem é melhor ele pensar em outra maçã, porque a que ele tem ali provavelmente já não estará em condições. E, assim, ele já tem umaprovidência a ser tomada. A análise do mau estrategista não diz nada sobre providências a serem tomadas... 

Identificando o oponente

O bom estrategista conhece perfeitamente as diferenças entre bons e maus estrategistas, seus comportamentos típicos, e consegue compreender rapidamente quem está diante de si. O mau estrategista nem nunca pensou seriamente sobre essa questão.

Tudo em análise estratégica começa com o conhecimento sobre aqueles com quem estamos lidando.

Porque precisamos cruzar essa informação com o que sabemos sobre nós mesmos.

Para saber se devemos avançar ou recuar...

O bom estrategista sobrevive mais porque sabe a hora de avançar e recuar. E, quando for malsucedido, chamará para a si a responsabilidade e culpará apenas a sua imperfeita capacidade estratégica. O mau estrategista morrerá convencido de que o seu fracasso foi responsabilidade da maldade e da desonestidade dos adversários e dos aliados.

A diferença de visão dos dois acabará os levando aos lugares que, de maneira justa, eles merecem.


Evitar a guerra - e aprender a lutar

Nós devemos sempre que possível evitar as guerras, no sentido militar, devemos evitar conflitos entre organizações que gerariam mais desgastes do que vantagens, e, devemos sempre evitar o confronto em nível pessoal quando for possível tratar a situação de maneira mais inteligente.

Mas, não devemos nunca deixar de saber lutar.

Nós podemos nos dispor a evitar a guerra. Mas não podemos garantir que ela não virá sobre nós.

Isso é verdade em qualquer nível da atividade humana.

É por isso que devemos desenvolver visão estratégica. É por isso que devemos ser pessoas estratégicas, pessoas que avaliam tudo e todos dentro do cenário global com todos os seus componentes e todo o seu dinamismo. É por isso que devemos procurar ser bons estrategistas.

A estratégia não serve apenas para atacar os outros. A estratégia é fundamental também para a nossa defesa.

Ser bom estrategista é fundamental para a nossa sobrevivência.

Quando a guerra vier para cima de nós - e, em algum sentido, ela sempre virá - ela encontrará dois tipos de pessoas:

As que estarão preparadas.

E, as que estarão despreparadas...


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sexta-feira, 29 de junho de 2018

Incidência de depressão no campo aumenta e exige articulação dos municípios

Incidência de depressão no campo aumenta e exige articulação dos municípios
Doença era vista mais como urbana do que rural

Ao mesmo tempo em que vivem num espaço tido como idílico, sobretudo pelas poesias e canções de quem migrou para as cidades, os moradores do campo também sofrem com o isolamento, falta de perspectivas, imprevisibilidade decorrente da sujeição dos negócios aos caprichos do clima, endividamento e cansaço em razão de uma atividade muitas vezes iniciada na infância. Essas condições, muitas vezes, se tornam gatilhos para o desencadeamento de crises depressivas, algo que no imaginário popular era visto como tipicamente urbano.
Essa visão vem sendo modificada há bastante tempo por estudos médicos e acadêmicos. Um dos mais recentes, a dissertação de mestrado “Depressão de Moradores na Zona Rural de Uma Cidade de Porte Médio no Sul do Brasil”, defendida em 2016 pela pesquisadora Roberta Hirschmann na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), propõe que se deixe de olhar o campo como uma zona de total tranquilidade e se passe a encarar a depressão como uma doença que cresce na zona rural.
Em seus estudos, Roberta enfocou a região de Pelotas, terceiro maior centro populacional do Rio Grande do Sul, com 300 mil habitantes, dos quais 22 mil na zona rural. A pesquisa, que ouviu 1,5 mil pessoas, apontou que 35,6% dos entrevistados sofriam de sintomas depressivos, com predominância na faixa etária dos 40 aos 49 anos (29% dos casos), quando o indivíduo está com plena capacidade produtiva. Em segundo lugar, apareceu a faixa dos 50 aos 59 anos (22%), seguida pela dos jovens dos 18 aos 29 anos (19%) e dos adultos de 30 a 39 anos (18%). Acima dos 60 anos, a taxa cai para 13%, o que, segundo a pesquisadora, indica uma melhor adaptação dos idosos ao ritmo do campo e à vida local.
Embora os quadros de depressão ainda predominem entre a população urbana, mais sujeita a desequilíbrios trazidos por questões como o desemprego e a violência, nas comunidades rurais os casos aumentam e demandam atenção dos municípios. Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE apontava um contingente de 11,2 milhões de adultos acima de 18 anos deprimidos no país, correspondentes a 7,6% do total de brasileiros nesta faixa etária. A pesquisa, que não tem detalhamento regional, concluiu que 8% dos adultos moradores de áreas urbanas apresentavam sintomas depressivos, contra 5,6% de moradores na zona rural.
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/Rural/2018/06/652830/Incidencia-de-depressao-no-campo-aumenta-e-exige-articulacao-dos-municipios