sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Mulher ganha espaço no mercado, mas fica em setores femininos

Segundo dados do Censo, 43,9% das mulheres trabalhavam em 2010; dez anos antes índice de empregadas era de 35,4%
Elas se mantém, entretanto, em áreas consideradas femininas como saúde, educação e trabalho doméstico



Mais escolarizadas e com menos filhos, as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho brasileiro em uma década (de 2000 a 2010), mas ainda ocupavam-se em setores considerados tipicamente femininos.
O retrato surge de novos dados do Censo de 2010, divulgados ontem. Das mulheres com mais de dez anos, 43,9% estavam empregadas em 2010, índice acima dos 35,4% atingidos em 2000. Nesse intervalo, o percentual de homens empregados variou menos: de 61,1% para 63,3%.
O ingresso de mais mulheres no mercado de trabalho não mudou, porém, o perfil das ocupações. Elas continuam a ser maioria em trabalho doméstico (92,7%, maior percentual), saúde e serviço social, educação e em alojamento e alimentação (hotéis e restaurantes).
O único setor de melhor remuneração com presença feminina expressiva (50,3%) era o financeiro.
Já em construção civil, transporte, armazenagem e correio e indústria extrativa elas tinham uma participação muito pequena. Na indústria de transformação, que paga altos salários, ficavam com pouco mais de um terço das vagas.
Para Vandeli Guerra, técnica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com menos filhos e mais anos de estudo, a mulher passou a se oferecer mais para trabalhar. Mas permanece, diz, a divisão entre setores mais masculinos e outros mais femininos.
De acordo com Vandeli, os empregadores também demandaram mais mulheres, aproveitando-se da maior qualificação feminina e da necessidade de preencher novas vagas em um período caracterizado pelo forte crescimento econômico (a partir da segunda metade dos anos 2000). "A maioria dos homens já estava ocupada. A oferta era menor", afirma.
O total de mulheres com curso superior era de 12,5% em 2010, mais do que os 9,9% de homens. Entre os jovens (25 a 29 anos), a diferença era ainda maior: 15,3% das mulheres tinham diploma, contra 10,6% dos rapazes.
Gabriel Ulyssea, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que a maternidade mais tardia e o maior nível de estudo impulsionaram o acesso feminino ao mercado de trabalho.
Mas outro fator pouco explorado, diz, é o crescimento mais acelerado do setor de serviços, que ganhou peso na economia e já era uma atividade que tradicionalmente empregava mais mulheres.

Folha de S. Paulo

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