Ditadura evangélica?: Deputado ameaça levar 4 milhões de pessoas ao Congresso para dizer que "essa nação é cristã"
"São 12 milhões de fiéis e de eleitores"
Não tenho absolutamente nada contra evangélicos, tenho uma família que é, que me respeita por eu não ser. Portanto, família laica, Estado laico, respeito a liberdade que cada um tem em ser o que se é.
Parlamentares evangélicos aproveitaram uma homenagem à Igreja Assembleia de Deus, ontem, na Câmara dos Deputados, para tentar consolidar uma base de apoio à permanência do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). "Se querem colocar essa pecha (de evangélicos homofóbicos) contra nós, não vai colar", disse o pastor e deputado Takayama (PSC-PR), também integrante da CDHM.
Cerca de 400 líderes e integrantes da Assembleia de Deus acompanharam a homenagem na Câmara. "Todos nós, pastores que estamos aqui, amamos os homossexuais. Não amamos a prática", afirmou Takayama, que presidia a sessão solene, em referência às recentes declarações de Feliciano. O deputado ainda ameaçou: "Se (os líderes da Câmara) deixarem prevalecer a posição de meia dúzia de ativistas (de retirar Feliciano da presidência da comissão), podemos colocar dois, três e até quatro milhões de pessoas na porta do Congresso para dizer que só o senhor é Deus, e essa nação é cristã".
Antes de Takayama, o deputado Pastor Eurico (PSB-PE) falou à plateia. "Temos que parabenizar um homem corajoso, como ele (Feliciano), para defender nosso povo evangélico", disse. Segundo a assessoria de Feliciano, ele não compareceu ao evento porque cumpria compromissos religiosos em Ribeirão Preto (SP).
Assembleia
Estima-se que cerca de 20 mil pastores da igreja homenageada estejam em Brasília para a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que elegerá a nova presidência da Convenção Geral da Assembleia de Deus no Brasil (CGADB). A organização divide com o Ministério de Madureira o poder sobre a maior igreja evangélica no Brasil. "São 12 milhões de fiéis e de eleitores também, por que não falar nisso?", compara o deputado federal Silas Câmara (PSD-AM), irmão do pastor Samuel Câmara, que disputa a presidência da CGADB. Samuel anuncia: "Se eleito, meu compromisso de ouro é a rotatividade de lideranças, que isso seja uma cláusula pétrea". O pastor enfrentará pela terceira vez o candidato à reeleição, José Wellington Bezerra da Costa, na presidência há 25 anos — recorde na história centenária da igreja.
Estima-se que cerca de 20 mil pastores da igreja homenageada estejam em Brasília para a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que elegerá a nova presidência da Convenção Geral da Assembleia de Deus no Brasil (CGADB). A organização divide com o Ministério de Madureira o poder sobre a maior igreja evangélica no Brasil. "São 12 milhões de fiéis e de eleitores também, por que não falar nisso?", compara o deputado federal Silas Câmara (PSD-AM), irmão do pastor Samuel Câmara, que disputa a presidência da CGADB. Samuel anuncia: "Se eleito, meu compromisso de ouro é a rotatividade de lideranças, que isso seja uma cláusula pétrea". O pastor enfrentará pela terceira vez o candidato à reeleição, José Wellington Bezerra da Costa, na presidência há 25 anos — recorde na história centenária da igreja.
A Assembleia de Deus conta com o maior número de integrantes na bancada evangélica na Câmara. Dos 84 deputados, 24 são da CGADB e dois de Madureira. Nas eleições de 2010, Marco Feliciano não teve apoio da sua igreja — o escolhido em São Paulo foi o filho de Bezerra da Costa, Paulo Freire (PR), também eleito. Com a repercussão das polêmicas, no entanto, Feliciano começa a ganhar prestígio entre os pares. Sua presença é aguardada hoje na programação da assembleia, promovida no Parque da Cidade.
"Se continuarem como estão fazendo, estão colaborando para ser eleita em 2014 a maior bancada evangélica da história do Brasil, independentemente de qual seja a igreja", afirma Silas Câmara, sobre as críticas a Feliciano. Para o deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), representante da CGADB no DF, o ganho para os evangélicos com os conflitos protagonizados por Feliciano são inquestionáveis. "Tenho divergências com relação às declarações dele. Não representam a igreja nem a bancada, mas o debate contribui para fortalecer a opinião pública evangélica na defesa dos valores cristãos. A CGADB não entra em questão partidária, mas, obviamente, buscamos nomes para a eleição, e o nome dele é interessante, já que tudo indica que terá muitos votos", afirma Fonseca.
O evento de ontem contou ainda com a presença da ex-senadora Marina Silva, integrante da Assembleia de Deus, e do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que também discursou. Agnelo destacou que "o trabalho social e espiritual da Assembleia de Deus é importante para o país e para o povo".
Colaborou Leandro Kléber
Colaborou Leandro Kléber
AMANDA ALMEIDA ÉTORE MEDEIROS
Correio Braziliense
Do Blog Maria Da Penha Neles
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