terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O que têm em comum a Globo,a Veja,a Folha o Estadão e Yoani Sánches


Nenhuma outra imagem define melhor a mídia fascista.


Todos sabemos que o menino rico dono da bola é um mau pretendente a arquétipo ou a figura social. Ele decide quem faz as equipes e escolhe os melhores jogadores, quem faz as regras e até se o gol vale ou não. Se não for como o dono da bola determina, simplesmente o jogo nem se inicia. Quando seu time começa a perder, o menino rico grita: ''Pára o jogo que a bola é minha”. Ou então ele pega a bola com a mão, bota embaixo do braço e expulsa um ou outro jogador do time adversário.

O fato que evidencia as más intenções de Yoani é a pauta de assuntos que ala tem abordado no Brasil. Não há uma palavra consistente em defesa dos cinco presos políticos cubanos nos Estados Unidos, o ignominioso bloqueio do regime de Washington foi ignorado e a criminosa “Lei de Ajuste” - uma imoralidade norte-americana para incentivar a migração cubana com a finalidade de fazer propaganda anticubana – sequer foi lembrada.


Em Cuba Yoane sempre falou o que quis. Quando foi punida - inclusive com restrições á sua saída do país - foi porque ele não cumpriu a legislação, como acontece em todos os lugares onde vigora o Estado de Direito. Aqui no Brasil, os protestos furaram a censura da mídia sobre quem é de fato Yoani. A liberdade de opinião foi exercida legitimamente pela gurizada nos protestos.
Há uma farta documentação de fácil acesso que comprova sua profusa atuação como publicista da ideologia que se utiliza dos mais torpes recursos contra o processo revolucionário cubano. Uma coisa são as críticas políticas e sinceras. Outra bem diferente são as invencionices, das quais Yoani é uma privilegiada e remunerada porta-voz.
Esta documentação está à disposição de todos provando que ela não é contra o bloqueio, que ela não defende a liberdade dos cinco presos políticos cubanos nos Estados Unidos, que ela não condena Guantánamo e que ela apoia a imoral "lei de Ajuste. Reproduzir acriticamente os chavões da Globo, da Veja, da Folha e do Estadão não, definitivamente, uma ideia defensável.
A ditadura cubana é falácia dos fascistas.

Veja o que é a democracia direta, popular e participativa de Cuba: Em Cuba os eleitores escolhem os candidatos
Entrevista com o presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular, Ricardo Alarcón
Fora de Cuba há uma ideia de que aqui as votações são relativas, em função de que existe um partido único. Como é o sistema eleitoral cubano e quais são seus valores, falando em termos de democracia?
"Nós estamos agora num processo eleitoral. Essa é uma das diferenças fundamentais com o modelo existente, com o suposto paradigma. A essência do sistema de eleições no mundo ocidental contemporâneo envolve que os eleitores, que não são todos os cidadãos, mas apenas uma parte, são chamados a votar por algum candidato escolhido pelas maquinarias eleitorais ou partidos políticos. A cidadania tem então escassa participação na escolha dos candidatos. Em Cuba, já levamos várias semanas um processo que consiste em que as pessoas escolhem, mediante o voto, àquelas pessoas que quiserem levar como candidatos. Isso não acredito que seja parecido ao que predomina no resto do mundo. Aqui, podemos dizer que há tempo que milhões de cubanos já votaram, devido às chamadas assembleias de nomeação dos candidatos. Em 21 de outubro, essas mesmas pessoas são convocadas para ir às urnas e optarem entre os vários candidatos que eles mesmos nomearam. Os candidatos são eleitos, não designados. Não estão ali por decisão duma maquinaria eleitoral”.
"Obviamente a propaganda feita nos jornais ou na televisão fala de apoiar os melhores, os mais capazes. Mas a realidade pode ser outra porque um morador, por exemplo, ergue a mão nas assembleias realizadas em todos os bairros e propõe alguém que considera representativo, ou diretamente diz que se candidata ele mesmo, que também se pode fazer e já ocorreu. Se algo abunda em Cuba, são as eleições. Esta etapa termina em 21 de outubro e o segundo turno é no dia 28, onde concorrem os votantes daquelas circunscrições onde nenhum dos candidatos teria obtido mais de 50% dos votos”.

Nas eleições da maioria dos países, se um candidato comete defecção, os votantes podem puni-lo, não votando nele, quando realizadas as novas eleições. Que alternativas têm os eleitores cubanos nesse caso?

“Muito simples: qualquer uma das pessoas eleitas pode ter seu mandato cassado em qualquer momento, por aqueles que o elegeram. Nos últimos anos, eu fui deputado pelo município de Plaza de la Revolución. A primeira vez que isto aconteceu, em 1993, convidaram-me como aos outros deputados da zona, para participar da assembleia municipal, cujo ponto principal era a cassação de seu presidente. Eu me sentei com o resto dos participantes e houve uma intensa discussão: alguns não concordavam com cassar o companheiro e falavam maravilhas de sua gestão. Outros o criticaram fortemente. De repente, um companheiro, que tinha antiguidade no trabalho nesse distrito, se levantou e disse: “Gente, tirem o dramatismo disso, se aqui em Plaza, nenhum presidente terminou seu mandato. Todos foram substituídos”. Não existe nem prazo, nem restrição alguma para cassar mandatos. Pode fazer-se em qualquer momento, mas obviamente sem que isto se converta num caos, onde estejamos votando todos os meses”.

Nas imagens difundidas no exterior sobre as eleições cubanas, trata-se de ridicularizá-las com os números de participação que sempre são altos e em muitos casos superam os 90%.

“Eu tenho uma explicação sobre isso. Quando você vai votar em Cuba para eleger dentre várias pessoas, e é sabido que uma delas foi proposta em sua assembleia de nomeação, você o conhece, sente-o mais próximo, tem confiança dele. É bem diferente às eleições de outros países, onde o candidato inunda as paredes com cartazes com sua foto, sorrindo e prometendo tudo. Em segundo lugar, se há algo fácil em Cuba, é votar. Os centros eleitorais estão a muito pouca distância de onde moram as pesoas, um quarteirão, ou dois máximo. Isto faz com que participe muitas mais pessoas que em locais onde as mesas de votação estão muito afastadas. Outra coisa é a lista de eleitores. Se agora percorre a Ilha, poderá ver-se na porta dos prédios, nas mercearias, nas lojas, a lista dos eleitores, submetidas ao escrutínio público e ao controle popular. Eu vou ali e vejo se meu nome está aí, e se não estou, então reclamo para que me incluam. Mas vejo também que colocaram você, e então digo, este é argentino e não mora em Havana, e não pode votar aqui. De maneira que quando vou votar, já sei que votam tantas pessoas que estão identificadas na porta com seu nome e sobrenome. Depois, chegado o momento do escrutínio, a comissão responsável convida os moradores que estão na porta do local, a que os ajudem a contar. Comparemos isso, com situações onde as pessoas nem sabem quantos podem votar onde votam, nem sabem quantos votaram, nem sequer qual é o resultado”.

Os protestos contra Yoani Sánchez são mais do que justificados. A começar pelo papel que ela desempenha como “dissidente” e outros epítetos repetidos “ad nausan” pela mídia gobbeliana. Não é correto, portanto, reduzir suas atividades às de “infoativista”, “bacharel em linguística (filologia) e fundadora do Blog Geração Y”. Há uma farta documentação de fácil acesso que comprova sua profusa atuação como publicista da ideologia que se utiliza dos mais torpes recursos contra o processo revolucionário cubano. Uma coisa são as críticas políticas e sinceras. Outra bem diferente são as invencionices, das quais Yoani é uma privilegiada e remunerada porta-voz.

Os protestos, portanto, são contra esse conjunto de questões. Baste ver os slogans, as palavras de ordem e as proclamações que foram levantados contra Yoani. Se no lugar dela estivesse qualquer outro “dissidente”, a repulsa seria a mesma. Afinal, há uma indústria da “dissidência” em Cuba, organizada pelo Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Cuba, cuja comprovação está ao alcance de todos. Ainda é relativamente recente a onda de atentados e outros crimes praticados por mercenários, em 2003, quando o governo norte-americano de George W. Bush lançou a ofensiva contra o “eixo do mal”, no qual ele incluiu Cuba.

Há muita gente em Cuba que faz crítica ao governo, muitas pertinentes. Mas tudo dentro da institucionalidade do país, como deve ser em todos os lugares em que vigora o Estado de Direito. Não é o caso dos “dissidentes”, que atuam abertamente contra a legislação do país com a finalidade explícita de criar fatos que pautam a mídia anticubana internacional.
Inácio Rammonet, o Eduardo Galeano, o Fernando Morais? Por que eles transitam livremente por lá? Há algo de podre no reino desses escritores que se dizem "seguidos" em Cuba.

Podemos, nesse vazio de inteligência da mídia, nos consolar com as palavras do Padre Vieira, no Sermão da Sexagésima, onde se vê a causa de o povo não acreditar nessa pregação recheada de ameaças, uma discurseira que põe palavras onde faltam idéias.

Lá se diz: “As razões não hão de ser enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória, e os homens não se convencem pela memória, senão pelo entendimento. (…) O que sai da boca, pára nos ouvidos, o que nasce do juízo, penetra e convence o entendimento.”

Certa vez, Fidel Castro não perdeu a oportunidade de dar uma boa resposta a Bush, que havia dito que "o comércio com Cuba não faria outra coisa senão encher os bolsos de Fidel Castro e seus sequazes".

"Senhor Bush: eu não me pareço absolutamente nada com as corruptas personagens que o senhor honra com a sua amizade no mundo, ou com as que, seguindo receitas capitalistas e neoliberais, confiscaram o Estado e transferiram para o exterior centenas de milhões de dólares, grande parte deles lavados por prestigiados e influentes bancos norte-americanos. O senhor, tão apegado às grandes fortunas como milionário e filho de milionário que é, talvez nunca possa compreender que existam pessoas insubornáveis e indiferentes ao dinheiro."

Quando o amigo e amo da mercenária Yoani Otto Reich veio ao Brasil, no governo Bush, em um protesto cantou-se a música "América Coração", famosa pela interpretação do grupo gaúcho "Os Serranos". O trecho era este: "Diga ao tio que nos visita, que somos todos parentes: negros, índios, brancos, federais e inconfidentes. Somos a força do mundo, arrastando uma corrente. Se às vezes nos faltam armas, temos a força da mente. Só Deus pode calar a voz de um povo valente. América do Sul, por ser o coração do mundo, teu sangue é muito mais que o fogo".

Cuba e os democratas e progressistas lutam contra um mundo que passou ao controle político e econômico de um punhado de magnatas sem face e sem coração. Substituiu-se a perenidade dos bosques europeus pela aceleração das auto-estradas norte-americanas. O tempo que as pessoas se davam para sentar em um café parisiense, ler um livro e viver, pela refeição fast food. E o bem-estar social pelo desemprego, pelo abandono, pela miséria gerada na competição que desce à mesquinharia do cotidiano. Hoje, nada é feito para durar muito. Tudo é descartável. E veio a futilidade como validação estética da baixa erudição (a rasa cultura norte-americana legitima a ignorância média desde que esta se recubra de boa dose de marketing). E rebaixou-se todo ato humano que não seja eminentemente artificial. O brilho da casca, enfim, passou a valer mais do que o miolo. Hoje somos menos horizontais socialmente, menos democráticos e menos bem-humorados por conta da expansão cultural da futilidade norte-americana na “era neoliberal”.
Todos sabemos que o menino rico dono da bola é um mau pretendente a arquétipo ou a figura social. Ele decide quem faz as equipes e escolhe os melhores jogadores, quem faz as regras e até se o gol vale ou não. Se não for como o dono da bola determina, simplesmente o jogo nem se inicia. Quando seu time começa a perder, o menino rico grita: ''Pára o jogo que a bola é minha”. Ou então ele pega a bola com a mão, bota embaixo do braço e expulsa um ou outro jogador do time adversário.

Nenhuma outra imagem define melhor a mídia fascista.

Por Osvaldo Bertolino. Jornalista, pesquisador e escritor.

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