quarta-feira, 31 de julho de 2013

Visita íntima vexatória e preconceito de gênero e de classe


Nos presídios de SP, crianças são obrigadas a assistir às revistas vexatórias das mães e a se despir diante das agentes para poder visitar os pais.

“Meu filho não é bandido. Ele tem apenas 5 anos e o Estado quer castigá-lo como castiga o pai, que já está preso e pagando pelo que fez”. A frase, carregada de indignação, é pronunciada com punhos cerrados sobre a mesa, pela paulistana A., mãe de dois filhos, profissional de vendas e estudante de direito. O marido foi preso há 3 anos e, desde então, a cada dois ou três meses, ela leva o filho R. para ver o pai.

Todas as vezes, na revista da entrada, ela e o filho passam pelo mesmo ritual:

“Nós entramos em um box, eu tiro toda a roupa, tenho que agachar três vezes, abrir minhas partes íntimas para a agente penitenciária, sentar em um banquinho metálico detector de metais, dar uma volta com os braços para cima e às vezes me mandam tossir, fazer força, depende de quem está revistando. Meu filho assiste tudo. Quando preciso abrir minhas partes íntimas, peço para ele virar de costas”, diz.

“Então chega a vez dele. Na penitenciária onde o pai esteve antes de ser transferido, as agentes passavam a mão por cima da roupa, mas quando T. foi transferido para um CDP aqui da capital paulista, a revista do meu filho mudou. Da primeira vez, a agente pediu para eu tirar toda a roupa dele. Eu achei estranho, disse que isso nunca tinha acontecido e ela respondeu que eram normas de lá.  De luvas, ela tocou no ombro meu filho para que ele virasse, para ela ver dos dois lados, sacudiu suas roupinhas. Na hora eu disse ‘Não toca no meu filho. Você sabe que não pode fazer isso’. Ela ficou quieta e eu não debati, porque queria entrar logo, meu filho estava sem ver o pai há meses. O R. não sabe que o pai está preso, eu digo que ele trabalha lá empurrando aqueles carrinhos de comida que ficam na porta. Quando pergunta sobre as grades e as muralhas, eu digo que é para ninguém roubar ele de mim. Neste dia, quando ela pediu para tirar a roupa dele, eu disse: ‘Filhão, lembra que você teve catapora? A gente precisa tirar sua roupa para ver se você ainda tem, para não passar para o papai, tá bom?’ Ele disse ‘Tá bom mamãe, mas eu não tenho mais catapora”."



quarta-feira, 24 de julho de 2013

LULA AFIRMA QUE O QUE VEM DEPOIS DA NEGAÇÃO DA POLÍTICA É SEMPRE PIOR




Diante de jovens da UNE, CUT, MST e ABGLT, Lula diz:
 "O que vem depois da negação da política é sempre pior", referindo-se as manifestações midiáticas; salientou que quando a presidente Dilma "demarcou o campo de classe do governo", passou a ser atacada pela mídia tradicional "24 horas por dia"; "Perto do que estão fazendo com Dilma, até que eu fui bem tratado pela imprensa", ressalvou.

LULA ESTÁ FARTO DA MÍDIA TRADICIONAL – E CADA VEZ MAIS ENGAJADO EM SUA DISPOSIÇÃO DE LIDERAR UM MOVIMENTO POLÍTICO PELA DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.

- A imprensa me tratou bem perto do que está fazendo com a Dilma, com esses ataques 24 horas por dia, iniciou ele.
- Os jornais tentaram atrair a Dilma, diferenciá-la do meu governo, mas não deu certo. Quando ela demarcou o campo de classe, passou a ser vista como adversária e atacada.
- Vamos ter que fazer a democratização da comunicação. Os partidos, os movimentos sociais e a sociedade têm que se envolver para fazer".
O Lula ouviu a avaliação e propostas de jovens de organizações políticas, entidades estudantis, centrais sindicais, movimentos sociais e coletivos culturais como o Levante Popular da Juventude e o Fora do Eixo sobre o atual momento político.
"O que vem depois da negação da política é pior" - Lula disse estar preocupado com o futuro da democracia no Brasil, especialmente com a "negação da política", que abre a possibilidade de retrocessos.
- O que vem depois da negação política é sempre pior", afirmou o ex-presidente. Para ele, a reforma política é fundamental para enfrentar os limites do atual sistema.
Depois de ouvir os jovens, Lula disse que "as mobilizações mostram que muito ainda deve ser feito no Brasil". Ele destacou que os grandes meios de comunicação tiveram um papel fundamental para amplificar as mobilizações de junho e incutir pautas conservadores, tendo como ponto de partida "o massacre que a imprensa fez nos últimos 10 anos contra o PT, contra o governo e contra a política".
Depois, na ótica de Lula, a mídia teria recuado, quando avaliou que os protestos estavam saindo do controle. Ele acrescentou que a Rede Globo teve "uma derrota política" quando suas equipes de reportagem tiveram que deixar de usar o logotipo da emissora para evitar a reação dos manifestantes.
Bem humorado e disposto, o ex-presidente reclamou dos boatos sobre seu estado de saúde que circulam nas redes sociais e as referências à sua família. "Está um escárnio o tanto de mentiras", afirmou.
Ao saber de boatos de que seu filho seria sócio do Grupo Friboi, Lula disse que ligou para o presidente da empresa, Wesley Batista, para pedir que soltassem uma nota para esclarecer que "os bois são seus". A gargalhada foi geral, mas os resultados da reunião.

http://forumzn.blogspot.com.br

domingo, 21 de julho de 2013

O sistema capitalista cruel nosso de cada dia....




DEPOIMENTO DE UMA EX VENDEDORA DA TOULON


 ( Por Aluana Guilarducci )

"Eu tô vendo um monte de gente incomodado com o quebra-quebra na Toulon. Sei que é polêmico o que eu vou dizer, mas eu, como ex-vendedora de loja, que trabalhava de 12/14h por dia em dias de grande movimento, sem ganhar hora extra, sem salário fixo, sem descanso no fds, tendo que chegar cedo pra limpar loja, tendo a bolsa e o corpo revistado ao sair, obrigada a bater meta, sob ameaça de ser mandada embora constantemente se não fosse rentável, tradada como produto da loja, obrigada a estar impecável, com as unhas e cabelos feitos no padrão da empresa (nada mais violentador pra mim do que ouvir que eu era um produto tb), vou ser bem franca, se eu trabalhasse ali EU ADORARIA VER A LOJA ARDER.
Acho que eu acordava às 6h da manhã sonhando com isso todos os dias enquanto eu trabalhava em loja.
Imagino que muitos vendedores de loja de Ipanema hj acordaram pensando "Droga! Pq não foi a minha loja!"

sábado, 20 de julho de 2013

A impunidade da ostentação está acabando


Imaginem a situação: uma noiva chega para o seu riquíssimo casamento em uma das mais tradicionais igrejas do Rio de Janeiro e em vez de pétalas de rosa, votos de felicidades e música, ela recebe uma chuva de baratas de plástico e gritos de manifestantes que protestam contra o transporte na cidade. 

Isso porque seu avô, Jacob Barata, é dono de uma das grandes empresas de ônibus que atende a população local. Como se não bastasse, os manifestantes acompanharam os 1.500 convidados para a recepção no chiquérrimo Copacabana Palace e lá iniciaram uma manifestação que terminou com a chegada do batalhão de choque, bombas de gás lacrimogêneo, brigas e um ferido com seis pontos na cabeça.

A infeliz noiva planejou este suntuoso evento com, no mínimo, um ano de antecedência. Eram tempos de calma e aparente tranquilidade. Quem poderia imaginar que levantes de descontentamento iam mudar a cara do país nas últimas semanas e deixar em maus lençóis os representantes da elite do país, empresários e políticos, a quem se atribui as desigualdades sociais e as sofríveis condições dos serviços públicos?

Beatriz Barata - a dona Baratinha, como passou a ser chamada - pagou o mico. As pessoas que se cuidem e reflitam um pouco sobre suas extravagâncias e suas ostentações. Essa impunidade está acabando. “Mulheres Ricas”, recolham suas joias. Homens, recolham seus aviões. Políticos, recolham sua folga.

Em tempo, semana que vem chega ao Brasil o Papa Francisco, cujo primeiro ato ao ser nomeado há poucos meses foi cortar do ritual do Vaticano todo o luxo: o ouro do anel e os privilégios do cargo. Sua Santidade sabia o que estava fazendo.
Gloria Kalil

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Metade dos documentos de posse de terra no Brasil é ilegal


Por Marcella LourenzettoDa Carta Capital
O geógrafo, pesquisador e professor da USP Ariovaldo Umbelino fala sobre a situação de propriedades que utilizam terras retiradas do patrimônio público ilegalmente, os famosos casos de grilagem, e também se diz contrário ao programa “Terra Legal” do Governo Federal.
“Nós temos no Brasil hoje um numero elevadíssimo de escrituras onde não há fazendas”, comenta o geógrafo. Ele explica que no país existe um número alto de fraudes na documentação de terras, principalmente em municípios com importância econômica, como em São Félix do Xingu, no Pará, que possui o segundo maior rebanho de carne bovina do país.
No começo de 2012, o geógrafo integrou um grupo que realizou um comparativo entre o processo de retomada das terras devolutas do portal do Paranapanema, em São Paulo, com o que estava acontecendo em São Félix do Xingu. Advogados da Faculdade de Direito do Pará também participaram do projeto e o pesquisador liderou a equipe que foi a campo analisar a situação da região.
“Nós verificamos que, na realidade, praticamente 100% dos documentos legais do cartório têm que ser anulados, porque são falsos. A corregedoria do Pará anulou todas as escrituras registradas no cartório de registro de imóveis de São Félix do Xingu”, afirma. E também indaga: “Ninguém é dono das terras mais. Bem, dono do papel. Mas quem está lá na fazenda hoje?”.
Umbelino alerta que o problema não é uma situação isolada ao norte do Brasil. Atualmente ele enfrenta a mesma realidade em outros estados do país. “Isso tem em todos os municípios do Brasil. Estou fazendo esse trabalho lá em Minas Gerais, em Riacho dos Machados, é a mesma coisa. Metade dos documentos é ilegal”, afirma.
Programa Terra Legal
O programa é uma iniciativa do Ministério de Desenvolvimento Agrário que visa promover a regularização fundiária de ocupações em terras públicas federais situadas na Amazônia Legal.
Teve início em 2009, durante o governo Lula e, de acordo com o Governo Federal, a meta se baseia em legalizar as terras ocupadas por cerca de 300 mil posseiros. Com o projeto, o governo também busca reduzir o desmatamento, ampliar as ações de desenvolvimento de forma sustentável na região e reduzir os casos de grilagem.
Entretanto, para o geógrafo, não é bem isso o que acontece. Ariovaldo acredita que as medidas provisórias propostas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que autorizam a doação de porções de terras públicas e aceleram os processos de regularização das propriedades, permitem a legalização de mil e quinhentos hectares. Para ele, isso é um ato inconstitucional e que também contribui na legalização dos grilos. “O direito a legitimação de posse só pode ser feito para cinquenta hectares. Como eu elevo para mil e quinhentos? Estou ferindo a Constituição”, diz.
Ele ainda afirma que há formas de burlar a lei: “Coloco mil e quinhentos no nome de um filho, depois mil e quinhentos no nome de outra filha, e legalizo dez mil, vinte mil hectares”. Umbelino defende que há o princípio baseado na ilegalidade e outro baseado na justiça social. “Quem tem terra não tem que ter mais terra”, conclui.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O que faz uma pessoa sem capital ser capitalista extremo?




Tenho amigos pobres que são direitistas ferrenhos. Um deles por exemplo mora no suburbio, em uma casa só de tijolos expostos, e pista de terra em volta
. Mas o cara é direitista de verdade, até acompanha os noticiários e tal, mas vota e discursa "a favor do patrão", num anti-esquerdismo diabólico.
 Não quero me indispor muito com ele e questionar sobre sua psiquê, mas a minha teoria sobre esse tipo de gente é que os pobres, como qualquer pessoa, não querem admitir que a vida é ruim, e muito menos se humilharem perante ninguém
. A esquerda se coloca como "salvação para os pobres", e a pessoa, numa vontade de auto-afirmação, renega essa "ajuda", como se dissesse "eu não preciso de ajuda de ninguém", e aí se torna capitalista radical, defende a propriedade como um deus, mesmo sem ter nenhuma propriedade nem capital. 
Na minha opinião nenhum radicalismo é bom, e esperaria ao menos um equilíbrio de ideias, mas esse disparate do pobre que defende o capitalismo com unhas e dentes é muito esquisito, e surpreendentemente recorrente, e sempre quis tentar entender.     

 https://plus.google.com/u/0/communities/101337764176497581780


Dois reais para acabar com a miséria

Repasse complementar ajuda 16 milhões de brasileiros a ultrapassar a linha da pobreza extrema



Dois reais extras todo mês na conta do Bolsa Família tiraram 16 milhões de brasileiros da miséria nos últimos seis meses. Pelo menos nas estatísticas oficiais. No ano em que o principal programa social do governo federal completa uma década, os mais pobres passaram a receber um repasse complementar para que a renda de cada pessoa da família supere ao menos os R$ 70 por mês. A medida acrescentou mais 2,5 milhões de brasileiros aos outros 22 milhões que, pelos critérios do governo, superaram a pobreza extrema de dois anos para cá.
Benefício ajuda diarista a criar os filhos
Há dez anos, o Bolsa Família garante a estabilidade econômica na casa de Adriana Maia de Lara Gonçalves, um puxadinho de madeira no bairro Ganchinho, em Curitiba. Ela foi uma das primeiras cadastradas do Paraná, em 20 de novembro de 2002. À época ela tinha 20 anos e o único filho, Ivan, 4 anos. Depois nasceu Ivian, hoje com 6 anos (foto). Adriana começou recebendo R$ 15 do Cartão Cidadão, antes de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva unificar os programas sociais herdados do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para criar o Bolsa Família.

Adriana teve o benefício bloqueado em novembro de 2012. Acredita que tenha sido por falta de recadastramento, mas há outra explicação. Durante um ano, trabalhou como auxiliar de pintor na construção civil, com salário de R$ 850 em carteira, renda que tira o direito ao benefício. Porém, ela havia pedido demissão e entrado na Justiça trabalhista, alegando que exercia a função de oficial de pedreiro, embora ganhasse como servente. Ganhou a causa e receberá o seguro-desemprego em breve.

Fora essa experiência, Adriana nunca teve emprego fixo. Era diarista. “Um trabalho que ninguém valoriza”, diz. Agora, faz um curso técnico em edificações para buscar um trabalho. Atualmente, recebe R$ 134 do Bolsa Família. Pelas novas regras do governo, no entanto, terá de receber um adicional de pelo menos R$ 66 para que os três membros da família tenham uma renda mínima de R$ 70 por mês.

Moradora do bairro Sítio Cercado, Adriana Josefa da Silva, 32 anos, também começou recebendo R$ 15 do Cartão Cidadão, em setembro de 2002. Assim como a xará do Ganchinho, nunca conseguiu meios próprios para não depender mais do Bolsa Família, hoje em R$ 102. O marido sempre viveu de bicos e mal consegue o suficiente para pagar o aluguel de R$ 300 da casinha de madeira onde casal vive com a filha de 10 anos.

“Ex-miseráveis”

Pagamento extra é maior nas estatísticas do que no bolso

Os valores pagos pelo Bolsa Fa­mília variam de R$ 36 a R$ 306, de acordo com a renda men­sal por pessoa da família e o número de filhos meno­res. Agora, toda família que não superar a renda de R$ 70 por pessoa receberá ajuda extra pelo programa Brasil Carinhoso.

O adicional é múltiplo de R$ 2 e há casos em que a soma dos benefícios chega a R$ 1.140 a uma única família muito numerosa, segundo registros do programa.

Para o governo, R$ 2 fazem mui­ta diferença nas estatísticas de “ex-miseráveis”, embora na prática essa quantia não represente grande coisa para os beneficiados. Uma família com pai, mãe e quatro filhos com renda mensal de R$ 420 é tida hoje como miserá­vel. Com o adicional de R$ 2 do Brasil Carinhoso, atinge ren­da per capita de R$ 70,33 e, pe­los critérios do governo brasi­leiro, deixa oficialmente a miséria.

Aprovação

Sete entre 10 brasileiros aprovam o Bolsa Família, conforme consulta feita pela Paraná Pesquisas em 177 cidades das cinco regiões do país. Dos 2.550 entrevistados, 87% consideram muito baixo os R$ 70 per capita adotados pelo governo para definir quem está abaixo da linha da miséria. Metade dos que aprovam o programa tem ensino superior. A região com maior índice de aprovação é o Nordeste, com 72%. No Sul, a menor: 59%.

Reajustes

Seis etapas elevaram os pagamentos do Bolsa Família.

Março 2011 – Reajuste aumentou os benefícios em até 45%.

Junho 2011 – Aumento de 3 para 5 o número de filhos que podem gerar benefícios extras.

Setembro 2011 – Grávidas e mulheres amamentando passaram a ganhar benefícios extras.

Maio 2012 – Criação do Brasil Carinhoso, para que famílias de crianças de zero a 6 anos superem a miséria, beneficiando 9,1 milhões de pessoas.

Dezembro 2012 – Ampliação do Brasil Carinhoso, passando a beneficiar famílias com filhos de até 15 anos, sem restrição a número de filhos, ampliando em 7,3 milhões os beneficiados. Custo adicional de R$ 1,74 bilhão.

Fevereiro 2013 – Os cadastrados que continuam na miséria passaram a ganhar o suficiente para sair dessa condição. A renda por pessoa sobe para no mínimo R$ 71.

Dê sua opinião

Você acha que o Bolsa Família já atingiu seus objetivos? Comente no espaço abaixo da reportagem.

Nas contas oficiais, ainda falta localizar e registrar outros 2,5 milhões de pessoas que vivem em condições de miséria nos rincões do país, excluídos das políticas de transferência de renda – missão que o governo pretende alcançar até 2014. Para encontrar os últimos miseráveis, o governo criou há dois anos um sistema de “busca ativa”. A partir de dados do IBGE, o programa já havia identificado 2,9 milhões nessa condições. Eles foram incluídos no Cadastro Único para Programas Sociais, o Cadúnico, e passaram a receber o Bolsa Família.

Atualizado a cada dois anos, o Cadúnico tem informa­ções econômicas de 23 milhões de famílias, ou 100 milhões de pessoas, metade da po­­pulação brasileira. São 16 os programas federais vinculados a esse cadastro, o Minha Casa Minha Vida entre eles, mas, sem dúvidas, o Bolsa Fa­­mília é o que mais recebe atenção do governo, respondendo por 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O programa é o responsável pelo principal mote das campanhas publicitárias oficiais que tratam da erradicação da miséria.

Referência

O governo usou um conceito do Banco Mundial para definir a pobreza extrema, ou seja, considera miserável quem vive com menos de US$ 1,25 por dia. Pela cotação atual do dólar, os R$ 70 usados como linha de corte estariam defasados, pois hoje chegaria a apenas US$ 1. Desde sua adoção como referência, no lançamento do plano Brasil Sem Miséria, o valor nunca foi reajustado. Se tivesse acompanhado a inflação, hoje estaria por volta de R$ 78. Ainda assim, aquém de US$ 1,25 per capita por dia.

O Banco Mundial definiu es­­se valor para uniformizar seus estudos, mas cada país de­­ve criar seus próprios critérios. O Brasil preferiu adotar os R$ 70 para não só reduzir à metade a pobreza extrema no país até 2015, um dos oito objetivos do milênio, mas com o compromisso de erradi­cá-la. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Com­­bate à Fome, a complementação de renda aos 2,5 milhões de brasileiros que estavam na miséria custará R$ 773 milhões em 2013. O pagamento começou a ser feito em março.

Bolsa completa 10 anos entre a cruz e a espada

Críticas e elogios ao Bolsa Família partem de quem está habituado a analisar conjunturas socioeconômicas. Para a revista The Economist, o programa contribuiu para a taxa de crescimento econômico no Nordeste acima da média nacional, reduzindo as desigualdades de renda. E destaca o incentivo à educação e o aumento do poder de compra dos mais pobres. Entre os críticos está o economista Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006 ao apostar na concessão de microcrédito e no empreendedorismo para reduzir a miséria em Bangladesh, sua cidade natal.

Chamado de “banqueiro dos pobres” ao popularizar o microcrédito com o Grameen Bank, Yunus aposta no empreendedorismo como solução mais eficaz para reduzir a pobreza do que programas como o Bolsa Família. Em entrevista à imprensa brasileira, disse que dar dinheiro é uma solução temporária e que uma solução permanente passa pela capacidade de as pessoas cuidarem de si mesmas, tornando-se agentes ativas de mudança.

Popularidade

A Organização das Nações Unidas (ONU) também criticou o Bolsa Família, que por si só não bastaria para reduzir a pobreza e as desigualdades sociais. Análise do Instituto de Pesquisa de Desenvolvimento Social da ONU indica que o programa rendeu mais popularidade ao PT do que a redução das desigualdades, apesar dos progressos. Há discordâncias. O ganho político de Dilma em 2010 não foi tão acentuado quanto o do ex-presidente Lula em 2006, segundo análise do cientista político Cesar Zucco, professor da Universidade de Princeton (EUA).

Zucco avaliou a relação entre o alcance do programa nos 5.565 municípios brasileiros e a proporção de votos direcionados a Dilma. Ao comparar cidades de perfil socioeconômico similar, concluiu que, comparando-se aquelas similares e com 50% e 60% da população atendida pelo programa, a petista teve, em média, 1,3 ponto porcentual a mais de votos do que nas demais. Porém, ele não aponta o Bolsa Família como único ou mesmo principal fator de definição de voto nessas áreas. No Nordeste, por exemplo, as taxas de emprego têm crescido acima da média nacional.

Famílias que deixam o programa tem “retorno garantido” em caso de necessidade

Há uma maneira boa e uma ruim de sair do programa Bolsa Família. A boa é quando o beneficiário melhora o perfil da renda própria e deixa de depender do governo. Muitos, porém, não saíam por conta própria dos cadastros mesmo melhorando sua condição de vida por causa do emprego instável e o medo de nunca mais recuperar o benefício. O Bolsa Família pelo menos garantia o que comer. Se saísse, teria de voltar no fim da fila. Assim, o governo criou o “Retorno Garantido”, uma forma de voltar rapidamente para o programa em caso de perder a fonte de renda própria.

A forma ruim de sair do Bolsa Família é descumprindo as condições impostas para permanecer no programa, como manter os filhos na escola, evitar o trabalho infantil e fazer acompanhamento da saúde das crianças. Com essa penalização, porém, essas famílias ficavam ainda mais vulneráveis sem os recursos do Bolsa Família. Por isso, o governo tem tentado acompanhar mais de perto essas famílias para que cumpram essas condicionalidades. “É mais difícil acompanhar na área da saúde porque não há entre essas pessoas a cultura de ir a um posto de saúde para fazer a prevenção”, diz o coordenador do programa no Paraná, Nircélio Zabot.

Fonte:Gazeta do Povo

domingo, 14 de julho de 2013

O analfabeto politico

O analfabeto politico

O pior analfabeto
é o analfabeto político
Ele não ouve,
não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão,
do peixe,
da farinha, do aluguel,
do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas

O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito,dizendo que odeia política

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a corrupção,
o menor abandonado, o assaltante
e o pior de todos os bandidos:
que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto
e o lacaio das empresas nacionais e multinacionas

Do Blog Do Carlos Maia

sábado, 13 de julho de 2013

ACM-FHC.Siglas perigosas.

Conheçam um pouco sobre a Rede que manda no Brasil e ainda há quem deseje outro Golpe Militar, sem saber que o primeiro ainda não acabou.
Estes são do tipo que se enquadram na "Classe dominante".



FHC

Descendente de militares revolucionários (do chamado Tenentismo) de 1922 e 1930.
Descende de três gerações de generais: é bisneto do goiano Felicíssimo do Espírito Santo Cardoso, neto de Joaquim Inácio Batista Cardoso e filho de Leônidas Cardoso, que foi um dos tenentes de 19306 .
O avô materno do general Felicíssimo Cardoso foi o capitão-general José Manuel da Silva e Oliveira, que teve grande liderança política em Goiás e no Triângulo Mineiro (na época, pertencente à Capitania de Goiás), por volta de 1800, tendo deixado obras manuscritas sobre as minas de Goiás. O Capitão José Manuel era irmão do fundador de Uberaba, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira.

FILHO DE CORONEL DO EXÉRCITO, NETO DE GENERAL E BISNETO DE GENERAL, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO SE FORMOU EM 1953 E SE TORNOU A SEGUIR PROFESSOR DA USP.

TRABALHOU ATÉ 1964, QUANDO SEU PAI, CORONEL DO EXÉRCITO, ARRUMOU UM EXÍLIO PRA QUE ELE TERMINASSE SUA PÓS-GRADUAÇÃO NO EXTERIOR.

SAIU DAQUI COM PASSAPORTE E BAGAGEM DESPACHADA...

AOS 38 ANOS, EM PLENA DITADURA MILITAR, VOLTOU AO BRASIL (???), CONQUISTOU A CÁTEDRA DE POLÍTICA DA USP E RETOMOU A CARREIRA ACADÊMICA (SÓ QUERIA SABER QUEM MAIS CONSEGUIU ISSO NAQUELES ANOS DE FERRO?).

UM ANO MAIS TARDE, EM 1969, FUNDOU O CENTRO BRASILEIRO DE ANÁLISE E PLANEJAMENTO (CEBRAP), NÃO SE ESQUEÇAM QUE ELE ERA "EX-EXILADO"...

E EM 1969, DEPOIS DE TER TRABALHADO POR APENAS 12 ANOS (11 ANOS ANTES DE SEU AUTO-EXÍLIO E MENOS DE 1 DEPOIS QUE RETORNOU) FOI APOSENTADO COMPULSORIAMENTE...
ENTÃO NÃO SÓ RECEBIA APOSENTADORIA, COMO PROFESSOR DA USP, COMO TAMBÉM DO CEBRAP, QUE ELE MESMO CRIOU COM RECURSOS QUE RECEBIA DO GOVERNO BRASILEIRO!


PRA CONTINUAR A FARSA, CASSARAM SEUS DIREITOS POLÍTICOS (QUE NÃO FARIAM A MENOR DIFERENÇA, POIS ELE AINDA NÃO ERA NADA!).

A TRAMA ESTAVA ARMADA!

SÓ PODIA MESMO DAR NESSA ROUBALHEIRA TODA!

AH, TINHA ESQUECIDO QUE ELE AINDA FOI "ECONOMISTA", "DONO" DO PLANO CRUZADO. ISSO ATÉ HOJE ESTÁ ENTALADO NA GARGANTA DE ITAMAR FRANCO!

E SE DIZIA ESQUERDISTA, PRA PEGAR OS VOTOS DE ALGUNS DESINFORMADOS.

ACM

"Simpático aos movimentos que redundaram na deposição do presidente João Goulart através do Golpe Militar de 1964 e na consequente instauração do Regime Militar, ingressou na ARENA e foi reeleito deputado federal em 1966, entretanto quase não exerceu o mandato em virtude de ter sido nomeado prefeito de Salvador em 10 de fevereiro de 1967 pelo governador Luiz Viana Filho renunciando ao cargo em 6 de abril de 1970. Meses depois foi indicado como governador da Bahia pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.""

Sobre o Toinho Malvadeza, se quiser, procure "Memórias das Trevas" de Josér Carlos Teixeira

Muitos anos e ainda existem aqueles que desejam a mesma coisa, ei, psiu!!

Quem acredita neles precisa desglobiar!

Sempre bom ver e rever A VERDADE
escondida por 7 mil chaves pelo #PIG
http://youtu.be/34dEcI3gXHo

O vexame
http://youtu.be/MeAOen8vyiQ

600 processos, leva na cara do Hard Talk
http://youtu.be/52fQv9Y1shg

A única conclusão que chego é:
Começo a achar que Siglas são perigosas.

Por Endy Abrado

sábado, 6 de julho de 2013

Estourou a guerra Google x Globo

Começou a verdadeira guerra da mídia: Google X Globo
Escrito por Jussara Seixas


Por Luís Nassif

Estourou a guerra Google x Globo

 Antes de entrar nos detalhes, vamos entender melhor o que ocorreu no universo midiático nos últimos anos. Desde meados dos anos 2000 estava claro, para os grandes grupos de mídia, que o grande adversário seriam as redes sociais. Rupert Murdoch, o precursor, deu a fórmula inicial na qual se espelharam grupos de mídia em países periféricos. - Compra de redes sociais. - Acesso ao mercado de capitais para alavancar o crescimento. - Adquiriu jornais em vários países e fez a aposta maior adquirindo uma rede social bem colocada na época. Falhou. A rede foi derrotada pelos puros-sangues Google e Facebook. Percebendo a derrota, Murdoch decidiu levar a guerra para o campo da política.

Explorou alguns recursos ancestrais de manipulação da informação para estimular um clima de intolerância exacerbada, apelando para os piores sentimentos de manada, especialmente na eleição em que Barack Obama saiu vitorioso. O candidato de Murdoch perdeu. Não foi por outro motivo que uma das primeiras reuniões de Obama, depois de eleito, foi com os capitães das redes sociais - Apple, Google e Facebook. O caso brasileiro No Brasil, sem condições de terçar armas com as grandes redes sociais, os quatro grandes grupos de mídia - Globo, Abril, Folha e Estado - montaram o pacto de 2005, seguindo a receita política de Murdoch. Exploração da intolerância. Nos EUA, contra imigrantes; aqui, contra tudo o que não cheirasse classe média. Nos EUA, contra a ascendência de Obama; no Brasil, contra a falta de pedigree de Lula. Exploração da dramaturgia. Um dos recursos mais explorados pela mídia de todos os tempos é conferir a personagens reais o mesmo tratamento dado à dramaturgia: transformando adversários em entidades superpoderosas, misteriosas, conspiratórias. O "reino de Drácula", no caso brasileiro, foi a exploração do tal bolivarianismo, a conspiração das FARCs. Manipulação ilimitada do produto notícia. É só conferir. A sucessão de capas da revista em sua parceria com Carlinhos Cachoeira. Ali, rompeu-se definitivamente os elos entre notícias e fatos. Instituiu-se um vale-tudo que matou a credibilidade da velha mídia. Pressão contra a mudança do perfil da publicidade. Historicamente, os grandes veículos sempre se escudaram no conceito de "mídia técnica" para impedir a pulverização da publicidade. Por tal, entenda-se a mídia que alcance o maior número possível de público leitor. Em nome desse conceito vago, investiu contra a Secom (Secretaria de Comunicação do governo) quando esta passou a diversificar sua verba de publicidade, buscando publicações fora do eixo Rio-São Paulo e, timidamente, ousando alguma coisa na Internet. Quadro atual Agora, tem-se o seguinte quadro. A velha mídia montou uma estratégia de confronto-aliança com o governo. Mas suas vitórias resumiram-se a dificultar o acesso de blogs e da mídia regional às verbas públicas. Na grande batalha, perdeu. O Google entrou com tudo no país. Este ano deverá faturar R$ 2,5 bilhões, tornando-se o segundo maior faturamento do país, atrás apenas da Globo, e na frente da Abril. Tem se valido de duas das ferramentas que a velha mídia utilizava contra concorrentes menores: o BV (Bônus de Veiculação), para atrair as agências; e o conceito de "mídia técnica" (a de maior abrangência). A Globo reagiu, atuando junto ao governo, e denunciando práticas fiscais do Google, de recorrer a empresas "offshore" para não pagar impostos. Agora, constata-se que a própria Globo também se valeu desse subterfúgio fiscal. E a denúncia é veiculada pelo blog de Miguel do Rosário, um dos mais brilhantes blogueiros oriundo dos novos tempos. A denúncia enfraquece a ofensiva da Globo contra o Google: por aí se entende o desespero do grupo, publicando desmentidos em todos os seus veículos. E a velha mídia descobre que, em sua estratégia tresloucada para dominar o ambiente político, queimou todos os navios que poderiam levar a alianças com setores nacionais. Apostou no que havia de mais anacrônico, criou um mundo irreal para combater (cheio de guerrilheiros, bolivarianismo, farquismo etc.) e, quando os inimigos contemporâneos entraram em cena, não conseguiu desenvolver um discurso novo. Sua única arma é do tipo Arnaldo Jabor interpretando o Beato Salú e prevendo o fim do mundo e a invasão do chavismo. É o bolor contra o mundo digital. Dissidências internas À medida em que a guerra avança, surgem os conflitos de interesse entre os próprios grupos da velha mídia. O grupo Folha sentiu-se abandonado pelos demais grupos na sua luta para impedir que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) acabasse com a obrigatoriedade de se ter um provedor para ter acesso à Internet. Por outro lado, a divulgação dos dados de publicidade do governo mostra que a estratificação das verbas beneficiou as emissoras de TV (especialmente a Globo), em detrimento das publicações impressas. Em breve, a Secom deverá se posicionar nessa disputa. Há três tendências se consolidando no âmbito da Secom: O fim do conceito da "mídia técnica" que, antes, beneficiava os grupos nacionais e agora os prejudica. O aumento de participação na Internet. A suspensão de qualquer publicidade pública nas redes sociais.
 CartaCapital http://profdiafonso.blogspot.com.br/

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Danny Glover: 'Sinto-me vivo quando falo para um grupo de trabalhadores’


Ator comenta sua luta pelos direitos dos trabalhadores em todo o mundo


No Programa do Jô desta segunda-feira, o apresentador Jô Soares conversou com o ator norte-americano Danny Glover, que comentou sobre seu trabalho como embaixador da Boa Vontade para o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e no Sindicato Internacional dos Metalúrgicos dos Estados Unidos.
“Eu me sinto vivo quando falo para um grupo de trabalhadores. É um privilégio estar com essas pessoas que conquistaram tanta coisa”, declarou o astro de filmes como “Máquina Mortífera” e “A Cor Púrpura”.
Danny Glover também revelou que sempre se importou com assuntos ligados aos seres humanos. “Quando comecei no cinema, queria contar histórias sobre a complexidade de nós todos”, comentou o ator.
A estrela de Hollywood está no Brasil para um evento da União Geral dos Trabalhadores. “Vim para cá com um grande líder sindical, Bob King, para fazer uma campanha de apoio a funcionários da Nissan em Canton, Mississipi. Esses trabalhadores querem apenas ter o direito de se organizar em um sindicato que possa negociar em nome deles”, explicou.


globo.com

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Vaticano lança calendário com fotos de jovens padres

Amigam, tenho pensado nos meus pecados
Padres bonitos e jovens posam em calendário do Vaticano, de batina e tudo. A seleção é feita pelo critério da beleza mesmo e não é nenhuma novidade: As publicações ocorrem desde 2003. Os exemplares podem ser comprados pelos arredores do Vaticano ou pela internet.
Ui!
Fotografados pelo fotógrafo Piero Pazzi, o calendário não é oficial, mas tem sido um sucesso: O calendário de 2012 vendeu mais de 40.000 exemplares
Bota tua hóstia na minha boquinha, sacerdotadão!
A notícia veio do portal Cadena SER, que transcreve a utilidade do calendário de acordo com seus editores: “Contém informações úteis aos peregrinos ou turistas da Cidade Eterna”. Porém o próprio portal debocha: “Alguém compraria esses calendários por outra razão que não  seja a vista dos “maciços” padres que posam nele?”
Abre o meu mar, Moisés!
Çedussão!
Ai, me absolvam!
Enfim, depois que a Iconoclastia revelou que o maior complexo gay da Europa está num complexo do Vaticano, e que o Vaticano curte baixar putaria grossa pela web, isso até parece souvenir de boy magia para os que vão lá… expurgar os pecados
Ai,meu core!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A saída é pela esquerda


Valter Pomar

Quem militou ou estudou os acontecimentos anteriores ao golpe de 1964 sabe muito bem que a direita é capaz de combinar todas as formas de luta. Conhece, também, a diferença entre “organizações sociais” e “movimentos sociais”, sendo que os movimentos muitas vezes podem ser explosivos e espontâneos.
Já a geração que cresceu com o Partido dos Trabalhadores acostumou-se a outra situação. Nos anos 1980 e 1990, a esquerda ganhava nas ruas, enquanto a direita vencia nas urnas. E a partir de 2002, a esquerda passou a ganhar nas urnas, chegando muitas vezes a deixar as ruas para a oposição de esquerda.
A direita, no dizer de alguns, estaria “sem programa”, “sem rumo”, controlando “apenas” o PIG (1), que já não seria mais capaz de controlar a “opinião pública”, apenas a “opinião publicada”.
Era como se tivéssemos todo o tempo do mundo para resolver os problemas que vinham se acumulando: alterações geracionais e sociológicas, crescimento do conservadorismo ideológico, crescente perda de vínculos entre a esquerda e as massas, ampliação do descontentamento com ações (e com falta de ações) por parte dos nossos governos, decaimento do PT à vala comum dos partidos tradicionais etc.
Apesar destes problemas, o discurso dominante na esquerda brasileira era, até ontem, de dois tipos.
Por um lado, no petismo e aliados, o contentamento com nossas realizações passadas e presentes, acompanhada do reconhecimento mais ou menos ritual de que “precisamos mais” e de que “precisamos mudar práticas”.
Por outro lado, na esquerda oposicionista (PSOL, PSTU e outros), a crítica aos limites do petismo, acompanhada da crença de que através da luta política e social, seria possível derrotar o PT e, no lugar, colocar uma “esquerda mais de esquerda”.
As manifestações populares ocorridas nos últimos dias, especialmente as de ontem, atropelaram estas e outras interpretações.
Primeiro, reafirmaram que os movimentos sociais existem, mas que eles podem ser espontâneos. E que alguns autoproclamados “movimentos sociais”, assim como muitos partidos “populares”, não conseguem reunir, nem tampouco dirigir, uma mínima fração das centenas de milhares de pessoas dispostas a sair ás ruas, para manifestar-se.
Em segundo lugar, mostraram que a direita sabe disputar as ruas, como parte de uma estratégia que hoje ainda pretende nos derrotar nas urnas. Mas que sempre pode evoluir em outras direções.
Frente a esta nova situação, qual deve ser a atitude do conjunto da esquerda brasileira, especialmente a nossa, que somos do Partido dos Trabalhadores?
Em primeiro lugar, não confundir focinho de porco com tomada. As manifestações das últimas semanas não são “de direita” ou “fascistas”. Se isto fosse verdade, estaríamos realmente em péssimos lençóis.
As manifestações (ainda) são expressão de uma insatisfação social difusa e profunda, especialmente da juventude urbana. Não são predominantemente manifestações da chamada classe média conservadora, tampouco são manifestações da classe trabalhadora clássica.
A forma das manifestações corresponde a esta base social e geracional: são como um mural do facebook, onde cada qual posta o que quer. E tem todos os limites políticos e organizativos de uma geração que cresceu num momento “estranho” da história do Brasil, em que a classe dominante continua hegemonizando a sociedade, enquanto a esquerda aparentemente hegemoniza a política.
A insatisfação expressa pelas manifestações tem dois focos: as políticas públicas e o sistema político.
As políticas públicas demandadas coincidem com o programa histórico do PT e da esquerda. E a crítica ao sistema político dialoga com os motivos pelos quais defendemos a reforma política.
Por isto, muita gente no PT e na esquerda acreditava que seria fácil aproximar-se, participar e disputar a manifestação. Alguns, até, sonhavam em dirigir.
Acontece que, por sermos o principal partido do país, por conta da ação do consórcio direita/mídia, pelos erros políticos acumulados ao longo dos últimos dez anos, o PT se converteu para muitos em símbolo principal do sistema político condenado pelas manifestações.
Esta condição foi reforçada, nos últimos dias, pela atitude desastrosa de duas lideranças do PT: o ministro da Justiça, Cardozo, que ofereceu a ajuda de tropas federais para o governador tucano “lidar” com as manifestações; e o prefeito Haddad, que nem na entrada nem na saída teve o bom senso de diferenciar-se do governador.
O foco no PT, aliado ao caráter progressista das demandas por políticas públicas, fez com que parte da oposição de esquerda acreditasse que seria possível cavalgar as manifestações. Ledo engano.
Como vimos, a rejeição ao PT se estendeu ao conjunto dos partidos e organizações da esquerda político-social. Mostrando a ilusão dos que pensam que, através da luta social (ou da disputa eleitoral) seriam capazes de derrotar o PT e colocar algo mais à esquerda no lugar.
A verdade é que ou o PT se recicla, gira à esquerda, aprofunda as mudanças no país; ou toda a esquerda será atraída ao fundo. E isto inclui os que saíram do PT, e também os que nos últimos anos flertaram abertamente com o discurso anti-partido e com certo nacionalismo. Vale lembrar que a tentativa de impedir a presença de bandeiras partidárias em mobilizações sociais não começou agora.
O rechaço ao sistema político, à corrupção, aos partidos em geral e ao PT em particular não significa, entretanto, que as manifestações sejam da direita. Significa algo ao mesmo tempo melhor e pior: o senso comum saiu às ruas. O que inclui certo uso que vem sendo dado nas manifestações aos símbolos nacionais.
Este senso comum, construído ao longo dos últimos anos, em parte por omissão e em parte por ação nossa, abre enorme espaço para a direita. Mas, ao mesmo tempo, à medida que este senso comum participa abertamente da disputa política, criam-se condições melhores para que possamos disputá-lo.
Hoje [este texto foi escrito em 20/6], o consórcio direita/mídia está ganhando a disputa pelo pauta das manifestações. Além disso, há uma operação articulada de participação da direita, seja através da presença de manifestantes, seja através da difusão de determinadas palavras de ordem, seja através da ação de grupos paramilitares.
Mas a direita tem dificuldades para ser consequente nesta disputa. O sistema político brasileiro é controlado pela direita, não pela esquerda. E as bandeiras sociais que aparecem nas manifestações exigem, pelo menos, uma grande reforma tributária, além de menos dinheiro público para banqueiros e grandes empresários.
É por isto que a direita tem pressa em mudar a pauta das manifestações, em direção a Dilma e ao PT. O problema é que esta politização de direita pode esvaziar o caráter espontâneo e a legitimidade do movimento; além de produzir um efeito de convocatória sobre as bases sociais do lulismo, do petismo e da esquerda brasileira.
Por isto, é fundamental que o PT e o conjunto da esquerda disputem o espaço das ruas, e disputem corações e mentes dos manifestantes e dos setores sociais por eles representados. Não podemos abandonar as ruas, não podemos deixar de disputar estes setores.
Para vencer esta disputa teremos que combinar ação de governo, ação militante na rua, comunicação de massas e reconstruir a unidade da esquerda.
A premissa, claro, é que nossos governos adotem medidas imediatas que respondam às demandas reais por mais e melhores políticas públicas. Sem isto, não teremos a menor chance de vencer.
Não basta dizer o que já fizemos. É preciso dar conta do que falta fazer. E, principalmente, explicar didaticamente, politicamente, as ações do governo. Marcando a diferença programática, simbólica, política, entre a ação de governo de nosso partido e os demais.
O anúncio conjunto (Alckmin/Haddad) de redução da tarifa e a oferta da força pública feita por Cardozo a Alckmin são exemplos do que não pode se repetir. Para não falar das atitudes conservadoras contra os povos indígenas, da atitude complacente com setores conservadores e de direita, dos argumentos errados que alguns adotam para defender as obras da Copa e as hidroelétricas etc.
Para dialogar com o sentimento difuso de insatisfação revelado pelas mobilizações, não bastam medidas de governo. Talvez tenha chegado a hora, como algumas pessoas têm sugerido, de divulgarmos uma nova “carta aos brasileiros e brasileiras”. Só que desta vez, uma carta em favor das reformas de base, das reformas estruturais.
Quanto a nossa ação de rua, devemos ter presença organizada e massiva nas manifestações que venham a ocorrer. Isto significa milhares de militantes de esquerda, com um adequado serviço de ordem, para proteger nossa militância dos para-militares da direita.
É preciso diferenciar as manifestações de massa das ações que a direita faz dentro dos atos de massa. E a depender da evolução da conjuntura, nos caberá convocar grandes atos próprios da esquerda político-social.
Independente da forma, o fundamental, como já dissemos, que a esquerda não perca a batalha pelas ruas.
Quanto a batalha da comunicação, novamente cabe ao governo um papel insubstituível. No atual estágio de mobilização e conflito, não basta contra-atacar a direita nas redes sociais; é preciso enfrentar a narrativa dos monopólios nas televisões e rádios. O governo precisa entender que sua postura frente ao tema precisa ser alterada já.
Em resumo: trata-se de combinar ruas e urnas, mudando a estratégia e a conduta geral do PT e da esquerda.
Não há como deslocar a correlação de forças no país, sem luta social. A direita sabe disto tanto quanto nós. A direita quer ocupar as ruas. Não podemos permitir isto. E, ao mesmo tempo, não podemos deixar de mobilizar.
Se não tivermos êxito nesta operação, perderemos a batalha das ruas hoje e a das urnas ano que vem. Mas, se tivermos êxito, poderemos colher aquilo que o direitista Reinaldo Azevedo aponta como risco (para a direita) num texto divulgado recentemente por ele, cujo primeiro parágrafo afirma o seguinte: “o movimento que está nas ruas provocará uma reciclagem do PT pela esquerda, poderá tornar o resultado das urnas ainda mais inóspito para a direita”.
Num resumo: a saída para esta situação existe. Pela esquerda.

Valter Pomar é membro do Diretório Nacional do PT.
(1) Partido da Imprensa Golpista é uma expressão usada por órgãos de imprensa e blogs políticos de orientação de esquerda para se referir a órgãos de imprensa e jornalistas por eles considerados tendenciosos, que se utilizariam do que chamam grande mídia como meio de propagar suas ideias e tentar desestabilizar governos de orientação política contrária.