sábado, 20 de julho de 2013

A impunidade da ostentação está acabando


Imaginem a situação: uma noiva chega para o seu riquíssimo casamento em uma das mais tradicionais igrejas do Rio de Janeiro e em vez de pétalas de rosa, votos de felicidades e música, ela recebe uma chuva de baratas de plástico e gritos de manifestantes que protestam contra o transporte na cidade. 

Isso porque seu avô, Jacob Barata, é dono de uma das grandes empresas de ônibus que atende a população local. Como se não bastasse, os manifestantes acompanharam os 1.500 convidados para a recepção no chiquérrimo Copacabana Palace e lá iniciaram uma manifestação que terminou com a chegada do batalhão de choque, bombas de gás lacrimogêneo, brigas e um ferido com seis pontos na cabeça.

A infeliz noiva planejou este suntuoso evento com, no mínimo, um ano de antecedência. Eram tempos de calma e aparente tranquilidade. Quem poderia imaginar que levantes de descontentamento iam mudar a cara do país nas últimas semanas e deixar em maus lençóis os representantes da elite do país, empresários e políticos, a quem se atribui as desigualdades sociais e as sofríveis condições dos serviços públicos?

Beatriz Barata - a dona Baratinha, como passou a ser chamada - pagou o mico. As pessoas que se cuidem e reflitam um pouco sobre suas extravagâncias e suas ostentações. Essa impunidade está acabando. “Mulheres Ricas”, recolham suas joias. Homens, recolham seus aviões. Políticos, recolham sua folga.

Em tempo, semana que vem chega ao Brasil o Papa Francisco, cujo primeiro ato ao ser nomeado há poucos meses foi cortar do ritual do Vaticano todo o luxo: o ouro do anel e os privilégios do cargo. Sua Santidade sabia o que estava fazendo.
Gloria Kalil

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