O Boeing 777 da Malaysia Airlines: um dos maiores mistérios da história da aviação. A pergunta que fica é: com tanta tecnologia, como é possível um avião com mais de 63 metros de comprimento e 20 de altura simplesmente sumir?
O “transponder”, um equipamento que emite ondas de rádio em 360 graus e informa direção, altitude e velocidade do avião em tempo real está no centro de muitas perguntas. O funcionamento do aparelho é simples, mas indispensável inclusive para o sistema anticolisão dos aviões.
"A gente não pode descartar uma das possibilidades, que é o terrorismo, porque o terrorista é uma pessoa instruída e treinada para até pilotar uma aeronave. Então por que ela não poderia ter o conhecimento para desligar o transponder? No momento de uma colisão, por exemplo, dentro da água, ele seria o equipamento que pararia de funcionar", explica Jefferson Fragoso, especialista em segurança de voo.
Outra tecnologia que monitora voos em todo o mundo são os radares terrestres; estações que emitem ondas eletromagnéticas em perfil cônico em 360 graus. Mas os radares não são infalíveis...
"Desta forma, quanto mais distante estou do radar e levando uma aeronave o mais baixo possível em função do terreno - eu posso entrar no chamado cone de silêncio, onde o radar não pega por limitação tecnológica - não só pelo ângulo de saída das ondas eletromagnéticas, mas também pela curvatura terrestre. Então o problema persiste nos casos mais longe", completa Fragoso.
E se “transponder” e radares podem falhar, hoje a aviação conta principalmente com o Sistema Global de Posicionamento. Sistemas modernos de GPS fazem a triangulação de até oito satélites para indicar com precisão de até 30 metros a localização de uma aeronave.
A hipótese de rastrear os GPS dos smartphones dos passageiros também não ajuda. Quem já experimentou sabe: o GPS do celular não funciona dentro do avião...
Outro problema que se refere à tecnologia na tentativa de localizar o Boeing é a possibilidade de se desligar todos os sistemas de navegação da aeronave. Um bom piloto – conhecendo bem a região – é capaz de voar visualmente, sem a necessidade de transponder, radares ou GPS...
"Sem contar que existe um transmissor de emergência que é acionado por água ou desaceleração e teoricamente estaria disponível. Mas todos estes equipamentos são passíveis de serem desligados", diz.
Quando algum objeto está debaixo dágua, a tecnologia usada para as buscas é a dos sonares – equipamentos que emitem ondas reflexivas para identificar objetos submersos. Os navios que trabalham nas buscas provavelmente são dotados dessa tecnologia e as famosas caixas pretas, que armazenam digitalmente todos os dados e conversas dos pilotos com a torre de controle, também possuem sistemas ultrassônicos que emitem um sinal contínuo durante 30 dias. Mas, de novo, se pensarmos em uma ação premeditada, esse sistema das caixas pretas também pode ser desativado previamente em solo...
Existe, sim, mais tecnologia que poderia ser embarcada nos aviões evitar casos como este. Um exemplo seriam câmeras blindadas instaladas no cockpit com funcionamento independente da ação dos pilotos; esses equipamentos poderiam gravar e transmitir tudo o que acontece na aeronave online, em tempo real. Mas qualquer novo recurso de segurança custa caro; principalmente se avaliarmos a quantidade de voos todos os dias ao redor do mundo.
"A indústra faz uma conta muito simples: qual é a frequência de ocorrência de determinado fenômeno ou acidente? Ela é muito baixa, embora o resultado seja muito sério. Qual é o custo de eu modificar tudo o que existe para cobrir um prejuízo mínimo - se formos contar em termos materiais. Se pensarmos em vidas, basta uma para pagar esta conta", finaliza o especialista em segurança de voo .
http://olhardigital.uol.com.br/video/40953/40953
Nenhum comentário:
Postar um comentário