quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dani Alves:"Vendem uma imagem de primeiro mundo,mas são muito atrasados"


O racismo tornou-se um dos grandes flagelos do futebol moderno. Nos últimos anos, atos contra jogadores negros tornaram-se, infelizmente, comum dentro do campo. O problema não é apenas que esses eventos ocorrem, mas que ainda não encontrou uma maneira eficaz de acabar com esta triste situação. O caso mais recente ocorreu domingo, no El Madrigal, com Dani Alves como protagonista involuntário. Sua ação de pegar uma banana e mordida tornou-se a raiva contra a xenofobia no futebol.

Muitos jogadores têm experimentado este problema dentro do campo, reagindo de maneiras muito diferentes: de rosto contra as arquibancadas, a sair de campo ou pedir o árbitro a interromper o jogo. Mas nenhuma dessas ações tem sido tão eficaz como o gesto espontâneo que teve o zagueiro Barcelona. Depois de ver no chão uma banana atirada das arquibancadas, o autor deste ato foi detido, mas Alves não teve nenhum problema pegá-la e morder a ridicularizar o gesto de sol. Este simples gesto foi imitado em redes por milhares de pessoas em apoio à luta contra o racismo.
"Espero que o impacto total, que começou como uma piada não se preocupe, vai funcionar. Fico feliz em poder contribuir de alguma forma para melhorar o mundo. Estamos no século XXI, o mundo mudou e nós temos que evoluir com ele. Nós não podemos ir atrás de evolução ", disse o lateral do Barcelona em uma entrevista ao Jornal Nacional Globo Esporte. Mais resistente foi na Rádio Globo: "É vendido como um país de primeiro mundo, mas algumas coisas são muito atrasada", referindo-racismo na Espanha.


Neymar, Fred, Marta ou Aguero são alguns dos jogadores que imitaram o gesto em redes sociais, como o cantor Michel Teló ou jogador de futebol Falcão. Milhares de celebridades saíram em apoio a Dani Alves imitando seu gesto, como inúmeras pessoas anônimas que têm demonstrado a sua solidariedade com o jogador do Barcelona. Essa ação tornou-se a última grande ícone da luta contra o racismo, em uma cerimônia que será investigado pelo Comitê de Competição, que irá investigar a fundo o que aconteceu no caso como foi dito A Confidential.

Fernández Borbalán, depois de consultar sua bandeirinha, incluídos no registro do que aconteceu, por isso, o lançamento de banana como a ação da mordida Alves. Assim, para ser incluído na competição árbitro escrito examinar o que aconteceu e até mesmo uma sanção referida Villarreal. Para este fato, devemos acrescentar que o Submarine "é um reincidente no arremesso de objetos em campo, pois há alguns meses e foi banida depois de um espectador atirou uma bomba de gás lacrimogêneo para o campo na partida entre sua equipamentos e Celta de Vigo.

Esperando para verificar se há ou não a pena para o Villarreal, a FIFA é a luta mais difícil é tentar erradicar o flagelo do futebol grande. No Congresso 63 de órgão máximo do futebol mundial, realizada nas Ilhas Maurícias, 99 por cento dos participantes tinham visto a nova aplicação de um novo regulamento para permitir que penas mais duras para a xenofobia nos estádios. Esta resolução, que deverá entrar em vigor num futuro próximo, todas as Confederações esperado para aprová-lo, em seguida, implementá-lo em todas as federações.

No processo de reformas em termos de racismo, são esperados disposições distinas. Quanto aos fãs, se uma infração menor ocorre penalidades que vão desde advertência até uma multa, passando jogos para ser jogado a portas fechadas será aplicada. Em caso de incidentes graves, a dedução de pontos, exclusão da competição e até mesmo aplicar rebaixamento. Também há fornecido um título para os membros da equipe que deve executar tais ações serão punidos com suspensão ou até mesmo a proibição de entrar nos estádios.

Jogadores como Mario Balotelli, Samuel Eto'o, Kevin-Prince Boateng, Yaya Touré ou Roberto Carlos, que sofreu a mesma ação como Dani Alves em uma partida entre Anzhi e Zenit-foram alguns dos últimos a sofrer destas situações de fãs. Mas outros, como Anton Ferdinand e Patrice Evra foram envolvidos nesta controvérsia com outros jogadores. Inglaterra é provavelmente o país com as penas mais severas para esses casos; enquanto, no outro lado da moeda, é a Itália, com muito baixos penalidades nos casos em que situações raciais ocorridos.

O último caso lamentável de racismo em um campo teve lugar na Espanha. Agora, a bola está no telhado do Comitê de Competição, que será responsável por fazer uma decisão a respeito aconteceu em El Madrigal. Até que isso aconteça, a ação do Barcelona defensor tornou-se a última grande gesto na luta contra a xenofobia. Milhares de pessoas têm ecoado essa ação, alegando que a erradicação de tal comportamento sem sentido, no século XXI, infelizmente, continuam a ocorrer no futebol espanhol.

Fonte:La República

terça-feira, 29 de abril de 2014

Não deu no Jornal Nacional

Irresponsabilidades do sistema financeiro ameaçam conquistas sociais, diz Lula

Ex-presidente diz que o estrangeiro que vier à Copa vai ver 'a cara do Brasil, a beleza e a pobreza'
"Em entrevista a rede portuguesa, ex-presidente destaca avanços sociais da democratização pós Revolução dos Cravos e afirma que erros do sistema bancário internacional recaem sobre os trabalhadores

Redação RBA 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à rede portuguesa RTP que o entristece a situação econômica da Europa, sobretudo em países como Portugal, Alemanha e Grécia. Segundo Lula, a construção da União Europeia, consolidou a reconstrução do continente que sofreu os estragos da Segunda Guerra Mundial, é um patrimônio da humanidade e da democracia mundial. Lula esteve nos país durante as comemorações da Revolução dos Cravos, de 25 de abril de 1974.
  
Provocado a comentar a situação portuguesa, o ex-presidente se disse cauteloso para não cometer indelicadezas diplomáticas, mas criticou as políticas de austeridade e de cortes de gastos sociais determinadas pela chamada Troika – trio formado por FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Afirmou que Portugal teve evidentes avanços econômicos nos últimos 40 anos, refletindo diretamente na qualidade de vida de sua população. E que essa conquistas estão ameaçadas em decorrência da irresponsabilidade do sistema financeiro internacional, que desencadeou a crise de 2008 que hoje afeta vários países.

Lula criticou ainda a falta de ousadia dos governos democraticamente eleitos. “A política foi terceirizada na Europa”, disse, referindo-se à subordinação dos chefes de Estado às decisões da Comissão Europeia. “Não adianta o presidente François Hollande terceirizar para seus representantes na Comissão Europeia as decisões, porque ele é que foi eleito para determinar os rumos políticos da França.”

O ex-presidente respondeu a perguntas sobre as manifestações recentes no Brasil, em meio às proximidades da Copa do Mundo. Defendeu que não se faz Copa do Mundo pensando em dinheiro, mas que se trata de um encontro de nações. Que os estádios são construídos com financiamentos, e que as demais obras de infraestrutura ficarão para o país, e não para a Fifa.

Comentou também que o “tempo vai se encarregar de mostrar que o mensalão teve "80% de decisão política e 20% de decisão jurídica" e que o processo foi “um massacre destinado a destruir a história do PT, e não conseguiu”. 

Voltou ainda a rechaçar uma eventual candidatura à presidência e defendeu enfaticamente o governo e a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Disse que será um, grande cabo eleitoral e garantiu que ela vencerá. “Eu não preciso de ocupar um cargo político para demonstrar que tenho importância.”

http://naodeunojornalnacional.blogspot.com.br/2014/04/irresponsabilidades-do-sistema.html#more

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Monopólio midiático perde terreno com as redes sociais

Cresce a audiência dos blogs progressistas no país. Esses são os verdadeiros defensores de uma nova visão de combate à mesmice e a ditadura do pensamento único.

O monopólio exercido pelas famílias dos grandes meios de comunicação, no início, tentou influenciar para que a proposta viesse na medida de suas orientações. Ao não conseguir vencer a "queda de braço" com as empresas de telecomunicações acabou apoiando a proposta vencedora.

Fiz esse preâmbulo para entrar no cerne da questão: o papel preponderante das redes sociais para rebater as calúnias e mentiras que diuturnamente são disseminadas por essa mesma mídia contra as ações dos governos populares.

Infelizmente ainda não foi regulamentado o direito de resposta, que exigiria do veículo caluniador proporcionar o mesmo espaço e tempo de exposição para aqueles que fossem vítimas de crimes de imprensa. Enquanto isso não acontece só nos resta trabalhar nas redes sociais.

Cresce a audiência dos blogs progressistas no país. Esses são os verdadeiros defensores de uma nova visão de combate à mesmice e a ditadura do pensamento único. Foi tamanho o absurdo a forma como os jornalões trataram a entrevista concedida pelo ex-presidente Lula aos blogueiros, denotando uma certa inveja pelo fato destes terem sido excluídos do rol de entrevistadores.
Nós do Partido dos Trabalhadores defendemos uma verdadeira democratização das comunicações no

Brasil, inclusive, ajudando a promover uma campanha nacional de coleta de assinaturas com vistas a apresentação ao congresso nacional de um projeto de lei que regulamente o mercado e ponha fim a essa vergonhosa "oligopolização" dos meios de mídia que não tem paralelo no mundo.

Entender a dinâmica das novas ferramentas de comunicação, inclusive, buscando subsídios e interações fora do chamado eixo Rio-São Paulo é um dos objetivos do PT. Temos realizado oficinas de redes sociais em todas as regiões do país, estamos tentando contribuir para a construção de uma linguagem dinâmica e mais próxima das exigências desse Brasil cada vez mais integrado e solidário, cujas potencialidades foram esquecidas ou até estigmatizadas pelo elitismo midiático.

A forma como a questão da política vem sendo tratada pela mídia comercial merece uma profunda reflexão daqueles que lutam pela preservação da democracia e do estado de direito em nosso país. A criminalização exacerbada da política visa, no meu entender, tentar apartar a maioria da população das discussões da política.

A resistência política e cultural em toda a história brasileira partiu dos setores de esquerda e progressista. O conservadorismo baseado no tripé tradição, família e propriedade, cujos sustentáculos principais são os "donos do dinheiro" e os capitães dos veículos de mídia esgrimam pela sua preservação. A luta contra esse estado de coisas além de árdua será longa. Não se pode engolir o fato destes "senhores" arvorarem em guardiões do interesse nacional quando na verdade operam pelo fortalecimento dos seus interesses de grupo.

Desmistificá-los, trazendo para a luz do debate o mal que faz a nação brasileira a persistência do monopólio, torna-se tarefa urgente e primordial das forças progressistas.
A rede petista e dos demais setores políticos e sociais do campo da esquerda têm trabalhado na conscientização e na busca de novos caminhos.

Por Deijair Cerqueira Conceição 

domingo, 27 de abril de 2014

Drogas e capitalismo - Quem são os verdadeiros criminosos


Os donos, diretores e administradores dessa cadeia produtiva integrada à economia do imperialismo, embora se escondam em luxuosos edifícios e debaixo de seus caros ternos de executivos, podem ser plenamente identificados. São membros das classes dominantes. Financistas, empresários da alta burguesia e latifundiários.

No Brasil, "respeitáveis" fazendeiros e banqueiros são os mais citados (o HSBC, Unibanco, Bradesco, Real, Credit Suisse e Bozano Simonsen já apareceram em denúncias).
Na Colômbia e Peru, além do latifúndio e de bancos, também são apontados como "sócios" as Forças Armadas e políticos de vários calibres, inclusive presidentes da República.
Porém, o comando do negócio é  do USA. Foram seus governantes e suas classes ricas quem, a partir dos anos 1970/1980, implantaram e massificaram esse horrendo negócio, através principalmente da CIA (agência de espionagem/ inteligência), da DEA (agência de "combate" às drogas), do FBI (polícia federal) e do Pentágono (Forças Armadas).
Extrema ironia: no resumo da novela, a denunciante Globo e os denunciados traficantes possuem o mesmíssimo patrão.

COMO TUDO COMEÇOU
Hoje a droga movimenta cerca de 300 a 500 bilhões de dólares ao ano, é o 2 º ítem do comércio mundial, vencendo até o petróleo, só sendo superado pelo das armas. Ao contrário do que divulga o monopólio da imprensa, essa economia não nasceu e cresceu apenas como atividade de marginais, cartéis e máfias e sim foi algo planejado e montado pelo imperialismo (principalmente do USA) como um business . Se isso mata ou destrói seres humanos (até em seu próprio país) pouco importa.
"O tráfico de drogas foi sempre um negócio capitalista, por ser organizado como uma empresa, estimulada pelo lucro", diz a enciclopédia Conteúdo Global (*).
A droga como gerador de renda para as classes dominantes e para o imperialismo vem desde séculos atrás, porém a “narcoempresa”, nos moldes em que existe hoje, começou a surgir na década de 1960 e solidificou-se a partir de 1970/1980.
Foi nos anos 60 que os ianques enxergaram as mil vantagens políticas/ideológicas e econômicas que uma transnacional da droga poderia dar ao sistema.
Sabe-se que desde 1963 os militares do USA e a CIA montaram "uma rede de produção e distribuição de narcóticos para gerar uma fonte de financiamento para futuras ações de contrainsurgência (guerras populares e movimentos de libertação na América Latina)", afirma a Folha da História (*).
E agrega: "No final de 1964, Philip Agee, agente da CIA, denunciou o começo da operação na Bolívia. Ali os generais Barrientos e Banzer, também agentes da CIA, construíram uma primeira rede".
Pouco depois, para criar um mercado consumidor maior, o USA não teve nenhum melindre em viciar seus próprios cidadãos: os soldados mandados ao Vietnã. Segundo Jansen (*) essa guerra (1964-1975) seria marcada pelo uso generalizado de drogas. "Cerca de 30 mil soldados estadunidenses se tornaram dependentes de drogas (notadamente maconha e heroína) para que continuassem estimulados no front ".

O FMI PARTICIPA
Perto dos anos 1980, com a elevação do número de consumidores/viciados no USA e outros lugares, era necessário incentivar o crescimento das lavouras de folhas de coca e maconha, para sustentar o grande business . E isso foi feito com a participação do FMI e do Banco Mundial, na década de 80.
Naquela época, suas medidas anti-povo em muitos países pobres resultaram na supressão de milhões de empregos. Conforme Jansen, isso "provocou uma transferência maciça de mão de obra para a economia dita informal e em particular para a produção de drogas, em países como Bolívia, Peru, Colômbia, Afeganistão".
Vejamos o caso da famosa Colômbia.
Hoje o país produz cerca de 80% da cocaína do mundo. Isso só foi possível porque com o empurrão do FMI e Banco Mundial, na década de 1980 os fazendeiros deixaram de produzir café para produzir coca e cocaína. Ou seja, os latifundiários colombianos foram convidados pelos ianques a entrar na empresa. Aceitaram com gosto.
Os gerentes do país passaram a autorizar empréstimos externos nos quais os dólares eram trocados por pesos, plano que ficou conhecido como Ventanilla Siniestra (Janelinha Sinistra). Com tal plano, verdadeira oficialização da lavagem de dinheiro da droga, autoridades colombianas "deram anistias tributárias, por meio das quais foram incorporados e legalizados os investimentos dos narcotraficantes", afirma Jansen.
Vejamos ainda o exemplo da Bolívia, onde o FMI e o presidente Paz Estenssoro também abriram as portas para o grande narco-negócio na década de 1980.
Conforme Del Roio (*), em 1985 foi aplicado um plano econômico que levou os índices de desemprego a 30%. O FMI aconselha e pressiona para a liberalização geral.
Então, "o presidente Paz Estenssoro, com o decreto DS 21.060 declara que todas as moedas cotadas podem ser depositadas nos bancos bolivianos, em qualquer quantidade e sem controle nenhum, com respeito total ao sigilo bancário em relação a sua proveniência. Os aplausos dos organismos econômicos internacionais foram generalizados. Significou o sinal verde para os grandes investimentos na coca. (...) Aconteceu que em pouco tempo no planalto de Chapare, o melhor terreno para a plantação, a população passou de 20 mil habitantes para 200 mil. Caso quase único de esvaziamento das cidades e retorno ao campo".
Com o aumento da produção, o chefe de polícia do Panamá Manoel Antônio Noriega já conseguia, entre 1984 e 1986, "exportar" ao USA 2 toneladas de cocaína e 500 toneladas de maconha do cartel colombiano de Medellín.
Noriega era agente da CIA desde 1967. Ele participou de esquema clandestino organizado pela CIA de financiamento dos bandos paramilitares chamados de "os Contras" que atacavam o governo sandinista da Nicarágua, relata Jansen. Tal operação ficou conhecida em 1986 como o escândalo "Irã-Contras" (compra de armas no Irã para financiar os bandos na tentativa de derrubar os sandinistas).
Em 1989, Noriega se proclamou chefe de Estado do Panamá, declarando-se em estado de guerra contra o USA. Resultado: 13 mil marines invadiram o país e o prenderam. O pretexto foi "combate ao narcotráfico". Mas muita gente não acreditou. Para a CIA, ele era um perigoso arquivo.

COMO FUNCIONA
No Afeganistão, a produção de drogas foi retomada depois da invasão militar do USA em 2001. Após a invasão, o país superou a Colômbia e se tornou o maior produtor mundial de drogas (principalmente ópio e heroína) e, em 2003, o negócio faturou 2,3 bilhões de dólares, mais da metade do PIB do país.
Embora o comando da narcoeconomia seja dos ianques, sua estrutura é similar à uma transnacional e funciona em rede.
Na América do Sul, na ponta da produção está o latifúndio, que planta coca e maconha.
No Brasil, fazendeiros e camponeses pobres do sertão de Pernambuco ("polígono da maconha"), Maranhão, Tocantins e Mato Grosso são os mais citados.
Os produtores latinoamericanos têm como sócios e protetores um numeroso segmento de políticos (até presidentes da República, como no Peru e Colômbia), militares, juízes, etc.
A distribuição atacadista internacional costuma contar com empresários do chamado crime organizado (cartéis, máfias, etc).
Todos esses departamentos do “narco-negócio”, embora poderosos, ficam com apenas 10% dos lucros totais. A distribuição varejista, a dos traficantes dos morros e periferias do Brasil, aquela que a Globo e o resto do monopólio ataca, é a raia mais miúda dobusiness, não recebendo mais que uma parcela mínima desses 10%.
O maior lucro do empreendimento, 90% do total, é dos bancos. "Respeitáveis" banqueiros, frequentadores das colunas sociais, deveriam estar nas páginas policiais.
Diz a enciclopédia Conteúdo Global que o papel central da narcoeconomia como parte integrante do capitalismo é detectado no peso que a lavagem do dinheiro da droga possui hoje no sistema bancário internacional.
No Brasil, os mais apontados em denúncias são o HSBC, Unibanco, Bradesco, Real, Credit Suisse e Bozano Simonsen.
Há alguns anos, para facilitar a vida dos seus clientes da “narcoeconomia”, vários bancos criaram filiais em alguns países, nos quais vale tudo, e que são chamadas de paraísos fiscais.
Conforme José Moreira Chumbinho (*), as drogas são uma das principais armas criadas pelo imperialismo em decadência. "O processo de domesticação econômica, ideológica e política, associada ao uso ‘voluntário' e permanente de drogas completa o ciclo necessário para incapacitar os setores mais combativos da população".
O surgimento do crack
Reproduzimos aqui alguns trechos de artigo de Ney Jansen, bastante esclarecedores:
"Na década de 1980 jovens do bairro pobre de South Central de Los Angeles, Califórnia, foram devastados pelo crack. Em 18/08/1996 o jornal local San José Mercury News, publicou uma série de artigos sobre como a droga se apoderou daquele território.
O que esteve por trás de tudo: o escândalo Irã-Contras e as ligações entre a CIA, DEA e os cartéis colombianos, protegendo a entrada de drogas no USA para financiar os "Contras" na Nicarágua. A citação (de Del Roio) é longa, mas merece ser reproduzida por extenso:
"Os que possuem boa memória se recordarão do processo contra o coronel Oliver North, que terminou com sua condenação. Os autos desse processo demonstraram com nomes e fatos que por vários anos a CIA e a DEA estiveram em contato com os chamados cartéis colombianos, protegendo a entrada de drogas nos Estados Unidos. Tal operação servia para encontrar fundos ilegais para financiar as forças opositoras ao governo sandinista da Nicarágua.

Através dos cristais que restam da fabricação da cocaína, é  possível fabricar uma droga muito mais barata e mortal, adequada aos pobres, que será chamada de crack.

Eis que os guetos negros de Los Angeles, onde o desemprego juvenil chega a 45%, pode ser inundado com o novo produto. Por cinco anos, de 1982 a 1987, os Contras nicaraguenses, com a cobertura de organismos oficiais (do USA), despeja 100 quilos de cristais de coca semanais sobre South Central (Obs: Total de 27 mil quilos).

(...)A partir dessa atividade criminosa exercida contra os negros de Los Angeles, o crack espalhou-se pelas metrópoles dos Estados Unidos e de vários países latino-americanos.

Esta é uma história para recordarmos quando vemos nas ruas de São Paulo (Obs: E muitíssimas outras cidades) as nossas crianças agonizando ou cometendo crimes porque viciadas em crack. Agora sabemos quem são os primeiros responsáveis".
O surgimento do crack na década de 1980 tem por antecedência o papel político que as drogas desempenharam no USA nas décadas de 1960 e 70.
É nesse período que surge em 1966 o Partido dos Panteras Negras, organização da classe operária e da juventude negra do USA.
(…) Além de destruir as sedes, prender e assassinar os militantes Panteras Negras, a CIA e o FBI passarão, em associação com narcotraficantes da América latina, a despejar toneladas de cocaína, maconha, heroína nos bairros negros visando a desarticulação política, levando à dissolução do Partido.
Mumia Abu Jamal (2001), ex-militante dos Panteras Negras, comentou o papel do crack nas comunidades negras no USA:
"Um espectro assombra as comunidades negras da América. Como vampiro, suga a alma das vidas negras, não deixando nada senão esqueletos que se movem fisicamente mas que estão afetiva e espiritualmente mortos.

É o resultado direto da rapinagem planetária, das manipulações dos governos e da eterna aspiração dos pobres a fugir, aliviar-se, ainda que brevemente, dos paralisantes grilhões da miséria extrema.

A sua procura de alívio se soletra C-R-A-C-K. Crack. Pedra. Chame como quiser, pouco importa; ele é na verdade, uma outra palavra para "morte".

Notas
(*) Principais fontes: Drogas, imperialismo e luta de classes , Ney Jansen (sociólogo), artigo, revista Urutagua, no.12, 2007, Universidade Estadual de Maringá (PR); As últimas armas do império agonizante , José Moreira Chumbinho, A Nova Democracia nº 1, julho/agosto 2002; Verbetes do sítio www.conteudoglobal.com (enciclopédia virtual ) ;Mundialização e criminalidade, José Luiz Del Roio, in: Drogas: hegemonia do cinismo , Memorial. 1997; Folha da História , junho, 2000 in: Peru – Do império dos incas ao império da cocaína , Rosana Bond, Coedita, 2004

Fonte: A Nova Democracia

sábado, 26 de abril de 2014

O silêncio na Escola


Por Daniel Medeiros
Há muito a escola perdeu o controle sobre essa  prática fundamental para o diálogo humano.  O silêncio é a condição básica para o ouvir. Não quer dizer que se me calo abro-me ao dizer do outro, mas se não me calo é certo que não escuto. Sem silêncio não é possível o próximo momento. Ouvir é outro estágio no qual a atenção e a capacidade de compreensão são aspectos fundamentais. Mas só ouvir já seria um passo e tanto.

Trabalho em escola e visito escolas. Sou professor e converso com professores. A grande reclamação é a atenção dos alunos. É a conversa. É a falta de silêncio.

Ouço também o que muitos especialistas dizem sobre “despertar o interesse” dos alunos. Sobre aulas “prazerosas”. Sobre trazer temas que sejam do contexto dos alunos e construir o conhecimento a partir dos fatos concretos e cotidianos. Não me oponho, por princípio, a qualquer coisa que contribua para o aprendizado. Mas se há o ofício do professor, por que não um estatuto mínimo para o aluno?  É o que os antigos chamavam de “civilidade”. A civilidade é o comportamento básico para a civitas ,  a condição de cidadão. Percebam que a civilidade não tem nenhuma relação com obediência ou submissão. Assim, professores autoritários e incompetentes na sua função de contribuir para o aprendizado não podem exigir o que não oferecem. Não há um  a priori na condição de professor: professor é o que contribui para o aprendizado da herança cultural e para a formação da herança futura. No entanto, a escola, por ser espaço público, lugar de cidadania, precisa de condições mínimas de estabelecimento das práticas de aprendizado. Independente se são interessantes ou prazerosas. Há coisas, como uma medicação para garantir a saúde, por exemplo, que dificilmente se enquadrariam nas categorias “interessante” e “prazerosa”, mas na categoria “necessária”.

Sempre defendi o exercício do silêncio atento e voltado para a compreensão como uma obrigação curricular. Todas as escolas, em todas as disciplinas, em todas as séries, mas principalmente no Fundamental 1, deveriam “ensinar” o silêncio e pratica-lo diariamente. Primeiro um minuto, depois dois minutos, depois três. Nesse silencio criado e aprendido, a voz ganha dimensão e suporte. O falar emerge como contraponto e define-se com mais nitidez e consistência.

Não há dúvida que , nesse aspecto, o “ o que falar” precisa ser melhorado. Um silêncio só deve ser quebrado por algo que lhe compense a perda. O silêncio é de ouro. Não se pode conspurca-lo com palavras de lixo. Desafio para gestores, pais, alunos e duplamente para professores: trabalhar o silêncio e polir suas palavras. Tudo nasce do verbo e não havia mundo antes dele. Criar mundos é, desde muito, a caracterização mais adequada para a profissão de professor. Faz-se mister realiza-la.

Fonte:Gazeta do Povo

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O papel da educação na luta contra a homofobia,segundo Toni Reis



Em um de seus mais conhecidos discursos, o líder sul-africano Nelson Mandela defendeu que ninguém nasce racista. Tal como se aprende a odiar, disse, também se pode aprender a amar. Inspirado por essa ideia, assim como por experiências pessoais e profissionais, já que, há 15 anos, ocupa a presidência da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), o pesquisador Toni Reis defendeu, no último dia 12, uma tese de doutorado que se volta à questão da homofobia nas escolas.

"A pesquisa parte da ideia de que, se as pessoas acabam aprendendo a ser homofóbicas, elas também podem aprender o respeito à diversidade sexual", sintetiza Toni Reis, que realizou entrevistas com alunos, professores e autoridades relacionadas ao sistema público de educação da cidade de Curitiba.

"Entre as passagens do texto que mais chamam a minha atenção estão vários depoimentos de alunos e profissionais da educação que reconhecem a homofobia nas escolas, mas tratam-na como mera brincadeira entre adolescentes - muito diferente do racismo, por exemplo", compara.

Entre as principais conclusões da investigação, destaca, está a força da heteronormatividade no conteúdo escolar.

"Trata-se de um conceito extremamente encucado na cabeça das pessoas, e isso tem impedido que nossas políticas públicas cheguem, de fato, à rotina das escolas. O que temos hoje é um cenário escolar em que todos reconhecem a presença da homofobia", descreve o pesquisador, apontando um abismo entre a teoria e a prática no combate à discriminação sexual.

Além de oferecer um representativo diagnóstico acerca da situação da homofobia nas escolas brasileiras, o trabalho de Reis indica algumas medidas que poderiam fazer a diferença na transformação desse quadro. "Percebemos, por exemplo, a importância de uma capacitação continuada dos profissionais, incluindo o monitoramento das práticas e a aplicação de materiais didáticos específicos", adianta.
Referência
Tese.
 "O Silêncio Está Gritando: a Homofobia no Ambiente Escolar" é o título do trabalho final de doutorado de Toni Reis, defendida pela Universidad de la Empresa, em Montevidéu, no Uruguai.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Nas favelas do Rio, "Pobre Bom é Pobre Morto!"


POR LEONARDO SOARES DOS SANTOS   

Tentem imaginar a cena.

Num certo país ao norte da América do Sul, um dos governos mais autoritários, totalitários, comunistas e chavistas do mundo (sim, a imprensa, na hora de elaborar conceitos, só perde para a filósofa Valeska Popozuda), manda enviar tropas federais para conter uma onda de protestos sangrentos, violentos e de contornos fascistas por parte do segmento mais conservador da sociedade, a classe média e a elite econômica – bastante insatisfeitas com a aproximação das classes “mais baixas” na estrutura social, como decorrência das políticas sociais implementadas ainda ao tempo de Chávez, e que de fato foram uma das mais bem sucedidas do mundo, mas, claro, vistas como a manifestação de um satânico projeto de implantação do comunismo bolivariano.

Tais segmentos fascistas querem fazer a roda do tempo girar para trás de novo. Ver o populacho regredir, parar de falar de política e de fazê-la acontecer em favor de seus interesses. Que o povinho preto, pobre, favelado e mulambento volte a ser submisso; que volte a ter consciência do seu lugar (bem subalterno) e se comporte como tal.

Para impedir que a vaga fascista de extrema-direita viceje, o governo de Maduro fez cumprir as prerrogativas que a Carta Constitucional lhe confere. Botou as tropas nas ruas para conter o terrorismo dessa direita.

Mas mal as tropas pisaram o solo das cidades aterrorizadas pela sanha extremista da “oposição” fascista, o pasquim global do golpismo iniciou uma virulenta ofensiva midiática de contra-informação, proclamando para os quatro ventos que se tratava de mais uma demonstração de autoritarismo de um dos governos mais ditatoriais da história recente da América Latina.  (Seria cômico, se não fosse trágico, se isso não ocorresse ao mesmo tempo em que aqui se comemoram os 50 anos do Golpe Militar de 1964 – o qual contou com extremada simpatia e apoio do pasquim global.)

O envio de tropas é mais um claro indício do desprezo que o governo Maduro demonstra pelos “verdadeiros valores democráticos”, a sua recusa em aceitar conviver e respeitar quem lhe faz “oposição”, o seu ódio pela pluralidade de idéias e opiniões – mais uma vez, o cinismo aqui dá o tom, ainda mais vindo de um veículo comprometido com a defesa radical do monopólio das telecomunicações e do uso aberrante da máquina judiciária contra os seus concorrentes e opositores.

Bom, estando certo ou errado, essa é a opinião do pasquim e a forma que ele encontrou para enaltecer os símbolos dessa nossa conhecida de nome Democracia.

Mas muito pior do que estar errado, o pasquim se mostra um incurável órgão golpista esquizofrênico.

A mesma iniciativa que na Venezuela é vista como um golpe contra a cidadania e os valores democráticos, é tida e havida na mais nova ocupação militar das favelas do Rio como expressão do mais desbragado comprometimento com a ... cidadania e os valores democráticos.

As forças armadas ocupam novamente algumas das favelas cariocas, com armas em punho, com escopetas apontadas indiscriminadamente para as cabeças dos seus moradores. Mais uma vez se consagra a idéia de que os moradores pretos e favelados devem ser alvos ou de políticas públicas pobres (e de quinta categoria, posto que voltada para cidadãos de segunda classe) ou de repressão armada direta. Pois só assim para esse povinho se colocar no seu lugar. É essa a política que resolve a situação desse tipo de raça.

E escola? Cadê hospital, posto de saúde, coleta de lixo, esgoto, água potável, banco, correios, segurança, teatro, cinema, biblioteca? Cadê a cidadania? Cadê a Justiça? Cadê a Liberdade? Cadê o Estado de Direito? Cadê os direitos? Cadê Amarildo?

Mas vocês só podem estar brincando? – assim indagaria o pasquim da Família (da Zona Sul) Com Deus.

É muito estranho, para um jornal com esse tipo de mentalidade, que algumas  categorias sociais (e raciais) possam ter a audácia de querer algo mais do que um prato de comida e uma cama para descansar o esqueleto.

Política pública e social não é para qualquer um. Política para pobre, a verdadeira, a mais eficaz, é aquela que se baseia no poder do fuzil e no peso de tanques e “caveirões”. E nada mais. Se na pátria de Maduro tal iniciativa é abominada, aqui, ela é prontamente festejada pelo pasquim e seus companheiros de quadrilha midiática.

As ações militares que subjugam e impõem medo aos cidadãos são apresentadas como a reação necessária das forças de segurança contra os “inimigos” da paz, da cidade e dos cidadãos decentes.

Mas se olharmos com mais atenção, vamos perceber que, longe de incoerente, o pasquim faz uso de um argumento de uma lógica impecável, de uma coerência cartesiana: a democracia no mundo é perfeita, o que estraga é a droga do pobre! Tanto aqui como na Venezuela.


Leonardo Soares dos Santos é professor de História da UFF.

terça-feira, 22 de abril de 2014

“Novo rumo” de Obama visando isolamento da Rússia

O presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu suspender contatos com Vladimir Putin. Tal será um ato de vingança pelo fracasso da sua política externa na vertente ucraniana.
O líder norte-americano empreenderá esforços para o isolamento internacional da Rússia, conclui o periódico The New York Times. Semelhantes apelos têm ressoado no Senado, no meio da ala de senadores conservadores e radicais. Um dos “falcões”, Bob Corcker, exigiu que fossem impostas sanções contra as empresas energéticas russas e os maiores bancos da Rússia. Que consequências terá mais uma espiral do programa americano clássico de dissuasão?

Bob Corcker tinha proposto fornecer armas ao regime de Kiev. Agora ele quer que a Rússia seja punida por “meios finaneiros”. Levando em conta o impacto de tais sanções sobre as empresas europeias, sugeriu a que os europeus próprios venham “tomar medidas adequadas”. Na sua ótica, eles devem ceder perante as ambições norte-americanas, fazendo um harakiri econômico através de suspensão das relações comerciais com a Rússia. A política russa, no seu entender, vem ridicularizando os EUA. Será possível falar a sério de um isolamento no século XXI? Felizmente, o mundo mudou, afirma o politólogo Maksim Bratersky:

“Se nos tempos antigos, as proibições impostas pelo Ocidente eram uma regra, agora existe um mundo enorme que excede limites do Ocidente. Trata-se da China, América do Sul e da África. Se bem que as proibições do Ocidente digam respeito ao acesso da Rússia para os mercados financeiros e tecnologias. Isto será feito para diminuir lucros e afetar a situação financeira das companhias russas, privando-as de tecnologias”.

Os EUA têm aplicado a política de contenção em relação à Rússia. A sua ideia básica se assenta no conceito, adotado ainda no período da guerra fria: permitir à URSS um acesso para a arena internacional e depois, quando necessário, “aplicar castigos pela desobediência”.

“Historicamente, a política dos EUA em relação à URSS e depois à Rússia tinha dois componentes: o envolvimento e a contenção. Em proporções diferentes. Agora haverá mais contenção em detrimento de envolvimento”, disse Maksim Bratersky.

Mas hoje em dia, tal método não pode ser muito eficiente, por mais que a administração americana queira tirar desforra pelos fracassos da sua política externa. Na opinião do perito, a política de Obama na vertente russa sofreu um fiasco:

“Obama não consegue êxitos na política externa. Ele tem tido pouca sorte em tudo. A política de envolvimento pressupõe que à Rússia caiba algum “lugar ao sol” no mundo que os EUA pretendem edificar. Mas esse fator parece ter sido esquecido. A que poderá levar isto? A um período de esfriamento mais ou menos prolongado. Graças a Deus, os presidentes também se alternam no poder”.

No futuro próximo, os EUA irão concentrar-se na preparação para as novas presidenciais. Obama não logrou cumprir nenhum dos objetivos traçados, internos ou externos. Será sucedido, pelo visto, por um presidente de ânimos conservadores. E a sua administração será marcada por um maior isolamento, ou seja, uma maior atenção na solução de problemas internos.

Voz da Rússia
http://noticia-final.blogspot.com.br/2014/04/novo-rumo-de-obama-visando-isolamento.html

sábado, 19 de abril de 2014

6 casais incestuosos da Bíblia

Incesto é errado, certo? Pois nos primeiros livros da Bíblia, lá no Antigo Testamento, não faltam casais entre parentes. Enquanto algumas uniões foram pacíficas e formaram casais felizes, algumas histórias de incesto do Livro Sagrado são de arrepiar os cabelos. A lição que fica? Desconfie do vinho, mesmo que ele seja oferecido pelo seu irmão ou pelas suas filhas.
Abraão e Sara
Eram filhos do mesmo pai, mas com mães diferentes. Permaneceram juntos até a morte de Sara, aos 127 anos (Gên. 20:12)
Nahor e Milca
O irmão de Abraão se casou com a sobrinha, filha do seu irmão morto, Harã. Milca é irmã de Ló, que também teve uma relação incestuosa. Mas sobre essa, a gente fala daqui a pouco (Gên. 11:27, 29)
Anrão e Joquebede
Joquebede era tia de Anrão por parte de pai. Eles tiveram três filhos juntos: Aarão, Moisés e Miriã. Sim, aquele Moisés, o do Egito (Êxo. 6:20)
Amnon e Tamar
Amnon estuprou Tamar. Ambos eram filhos de David, mas de mães diferentes. Dois anos após o estupro, Absalom, irmão de Tamar por pai e mãe – e meio-irmão de Amnom – finalmente vingou sua irmã. Para isso, ele preparou uma festança para a qual todos os filhos do rei David foram convidados e mandou seus servos matarem Amnom quando ele estivesse muito bêbado (II Sam. 13:2, 14, 28-29)
Ló e suas duas filhas (aí são dois casais – e uma história bizarra)
Não é só incesto, é menage? Não, cada uma dormiu com o pai um uma noite. Mas poderíamos classificar as duas noites como abuso sexual. E o pai foi a vítima!
Mas calma, vamos do começo: Ló, sobrinho de Abraão, morava em Sodoma com sua família. Antes de Sodoma e Gomorra serem destruídas pela fúria de Deus, dois anjos foram enviados dos céus para tirarem Ló, sua mulher e duas filhas virgens (a Bílbia não fala seus nomes) de lá, pois eles não eram pecadores como o resto dos habitantes da região.
Eles deveriam fugir sem olhar para trás. Mas a mulher de Ló não resistiu, olhou e virou uma estátua de sal – pã! Uma vez longe das “cidades do pecado”, Ló e suas filhas se escondem em uma caverna.
E é aí que a coisa perde os limites: as filhas de Ló o embebedam – uma em cada noite – e dormem com ele. Ló não se lembra de nada. Mas, depois de nove meses, vê o resultado: nascem os netos-filhos Moabe e Ben-Ami (Gên. 19:30-38)

Revista Super Interessante

quinta-feira, 17 de abril de 2014

"Jesus não era um pacifista que pregava a palavra de Deus, mas um líder revolucionário que desafiou o Estado"

Autor de ‘biografia’ sobre Jesus, Reza Aslan discute teologia, religião e cristianismo

Se você procurar por ‘most embarrasing interview’ (a entrevista mais vergonha-alheia, em tradução livre) no YouTube, vai se deparar com uma gravação do teólogo Reza Aslan sendo entrevistado na Fox News. A apresentadora do programa pergunta a ele, repetidamente, por que um muçulmano se interessaria no Cristianismo, ou em escrever um livro sobre Jesus. E ele, calmamente, afirma que é um acadêmico - logo, sua religião não interfere em seus estudos. A jornalista não parece satisfeita e, em vez de conversar sobre sua obra, o questiona de novo sobre sua escolha religiosa. Ao final da entrevista, ficam apenas questões do próprio espectador sobre o preconceito no canal e sobre a ideia que se faz da teologia enquanto ciência.

O assunto original da entrevista seria o livro Zelota, publicado recentemente no Brasil (Zahar, R$39,90), que conta a vida de Jesus de uma perspectiva histórica, passando longe da figura do Cristo milagroso que existe na bíblia. E que, justamente por apontar o homem comum em vez do filho de Deus, causou polêmica depois de sua publicação.

Conversamos com Aslan sobre Zelota, sobre o Jesus histórico e o conflito com a visão do filho de deus e também sobre a visão de teologia enquanto uma ciência legítima. Confira:

GALILEU: Quando você teve a ideia de começar a escrever uma biografia sobre Jesus?

Quando eu tinha 15 anos de idade eu fui para um retiro de jovens evangélicos. Lá, ouvi a mensagem do evangelho pela primeira vez. Eu me converti ao cristianismo e comecei a catequizar, a espalhar as palavras da Bíblia para todos os que eu conhecia. Alguns anos depois, quando entrei na universidade (uma instituição católica e jesuíta na Califórnia chamada Santa Clara) para começar meu estudo formal do Novo Testamento, descobri que muito do que eu achava que sabia sobre Jesus estava incompleto, quando não completamente errado. Encontrei um abismo entre o Jesus histórico, sobre o qual eu estava aprendendo na Universidade, e o Cristo da fé, para o qual eu havia sido apresentado na Igreja. E, francamente, descobri que o Jesus histórico era mais agradável e acessível. Essa experiência me levou a escrever o livro.

'Ninguém tem o direito de decidir a salvação de outra pessoa - nem mesmo a Igreja'
Você também diz que ler ‘Os irmãos Karamazov’, de Fiódor Dostoiévski, mudou sua vida e a forma com que você encara as religiões em geral. Por que?

A história do Grande Inquisidor, no coração do livro, serve para nos lembrar que existe uma grande diferença entre um profeta, como Jesus ou Maomé, e as instituições religiosas construídas pelo homem - seja o cristianismo ou o Islã - que foram fundados em seus nomes e que dizem falar sobre eles. Essa é a ideia central das minhas obras, incluindo a minha biografia sobre o Maomé histórico No god but God: The origins, evolution and future of Islam (sem edição no Brasil). Não podemos nunca esquecer que ninguém tem o direito de decidir a salvação de outra pessoa - nem mesmo a Igreja.

E em seu livro você fala sobre ‘espalhar as boas novas’ sobre esse Jesus histórico e não sobre o Jesus Cristo das religiões. Quais são essas boas novas? O que, no Jesus histórico, o torna tão digno de admiração - mais até do que alguém que pode realizar milagres?

O Jesus histórico não tinha acesso à educação. Era analfabeto, extremamente pobre, um camponês dos bosques da Galileia. E, apesar de tudo isso, formou um movimento forte pelos pobres, doentes e marginalizados. Um movimento tão ameaçador aos religiosos e políticos do período que fez com que ele fosse procurado, preso, torturado e executado por crimes de sedição (organização de rebeliões, incitamento das massas), o único crime pelo qual alguém poderia ser crucificado sob a lei romana. Só esses fatos, que são básicos, de sua vida, são suficientes para que valha a pena conhecê-lo, seguir seus preceitos, independentemente das teorias religiosas e teológicas que existem sobre ele.

Recentemente, o teólogo Joseph Atwill veio a público para falar sobre sua teoria de que a Bíblia teria sido escrita por romanos como uma estratégia política, para dar aos judeus um exemplo de um líder pacifista. O que você acha sobre o assunto?

Francamente, não conheço nenhum acadêmico que leve essa teoria a sério. As ‘descobertas’ dele têm vários sinais de serem forjadas. De qualquer forma, o fato é que o Jesus da história não era um simples pacifista que pregava a palavra de Deus, mas um líder revolucionário que desafiou o estado, não apenas ‘pregou’ para ele - e é por isso que o estado quis a sua morte. É verdade que gerações cristãs posteriores, tentando converter romanos, pacificaram seus ensinamentos revolucionários. Mas eles, de nenhuma forma, ‘inventaram’ Jesus.

'Quando você escreve sobre religião ou política, você acaba se acostumando com essas respostas inflamadas, até com as ameaças de morte'
É impossível não citar a sua entrevista na Fox News, que viralizou. Quais foram as consequências desse tipo de exposição? Em outras entrevistas você citou até ameaças de morte - como você lida com isso?

Quando você escreve sobre religião ou política, você acaba se acostumando com essas respostas inflamadas, até com as ameaças de morte. Isso não é novo para mim. Eu entendo que esses são assuntos emocionais para as pessoas, e é por isso que eu sempre trato esses tópicos e as pessoas com o respeito que eles merecem. E isso funciona. Ao contrário da percepção popular, eu até recebo vários emails de cristãos por semana me contando que meu livro fortaleceu a sua fé. Eles podem até achar que o homem sobre o qual eu escrevo é Deus, mas na obra é a primeira vez que eles encontram a sua humanidade e um retrato de sua época.

Um dos claros problemas da entrevista é que a apresentadora não parecia entender que pessoas estudam a religião como uma ciência, de forma independente de suas crenças religiosas. E isso é algo que vemos acontecer aqui pelo Brasil também. Na sua opinião, essa percepção sobre a teologia pode ser mudada?

Acho que o problema está nos próprios acadêmicos. Passamos muito tempo falando um com os outros, escondidos atrás de nossas torres de marfim, e não passamos muito tempo conversando com todo o resto do mundo. Até o momento em que passarmos a nos comprometer a colocar nossas vozes no ‘mercado de ideias’, até o momento em que encontrarmos uma forma de simplificar nossas ideias e torná-las mais acessíveis a uma audiência maior, ou popular - como sempre tentei em minha carreira - seremos sempre suspeitos.

Revista Galileu

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O amor e o futebol



futebol-amor-reprodução
Você já se perguntou por que ama seu clube de futebol? Talvez seja seu pai, ou avô, quem sabe sua mãe? E porque ama? Mesmo ele não sendo o melhor time do mundo ou lhe garantindo alegrias constantes?
A meu ver, o futebol emula as relações humanas. No que tange o amor pelo clube, é como você e sua esposa. Você não possui a mulher mais bela do mundo, vamos ser sinceros, mas nem por isso deixa de amá-la. Pra você ela é o que mais existe de belo no planeta, as outras são apenas outras. E, a exemplo da mulher, você não torce pelo melhor time do mundo (sob uma perspectiva lógica, é claro), mas nem por isso o abandona, pelo contrario, aproxima. É uma questão que foge do raciocínio lógico. O amor é assim, destoa da compreensão humana, você ama por motivos que apenas você conhece, de relevância pessoas intransferível. E, obviamente, ele é cego. Você se deixa levar e não mede consequências.
É paixão a primeira vista. É adorar cada detalhe que passaria despercebido perante os demais. Se isso não é amor o que mais pode ser?
Amor nem sempre correspondido. Pois, como explicar aquela seca danada de títulos e você ali,  não arredando o pé, jurando amor eterno? Amor desmedido que, mesmo com um time digno de ser rebaixado, você se enganava, pior, acreditava. Amar é acreditar no impossível e, em raríssimas oportunidades, ser surpreendido.
Discussões calorosas colocarão a prova seu conhecimento e paixão. Nem sempre você terá razão (na maioria delas não terá), mas insistirá em dizer que seu clube é superior ao rival, mesmo com menor número de vitórias em clássicos, títulos e torcida. É irracional. É amor.
Portanto, o amor é mais do que beleza, transcende a racionalidade, é algo de pele. E o futebol é assim. Você ama esse clube e esporte incondicionalmente. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Até que a morte nos separe.

sábado, 12 de abril de 2014

Invadir terrenos e edifícios é crime?

Existem três formas de aquisição de propriedade de imóvel no Brasil:
-Registro público
-Acessão (construções, por exemplo)
-Usucapião.

Nestes casos, das 03 hipóteses legais de aquisição, a única que sobraria seria a aquisição por intermédio da usucapião.

Dessa forma, há inicialmente a necessidade de se tomar posse do imóvel, ou seja, você deve literalmente invadir o terreno. Não se esqueça de desde o início documentar o feito (a partir desta data inicia-se a prescrição aquisitiva) e ainda nunca se esqueça de sempre "aparentar" a propriedade do terreno invadido, pois o direito somente irá lhe tutelar o ato se você demonstrar poderes inerentes à propriedade, como gozar, usar e fruir. Assim, com o decurso do tempo (que deverá ser devidamente provado e por isso deve estar documentado) e não havendo oposição do proprietário, você ingressa em juízo requerendo sentença meramente declaratória de que houve, por sua parte, a aquisição da propriedade em virtude do decurso de determinado tempo (que irá variar de acordo com a metragem, por exemplo), requerendo que o Juiz oficie o registro público lhe concedendo assim o título de propriedade.

O procedimento é, literalmente, a invasão do terreno. Parece meio gritante num primeiro olhar, mas sua única saída é essa, tendo em vista que só assim poderá tomar posse de imóvel que não está no seu nome no Cartório de Registros Imobiliários.

Provavelmente pertence a alguém e esse alguém não dá a devida função social ao bem que lhe pertence, violando assim regras constitucionais, inclusive...

Bom lembrar que é bom, antes de invadir, saber se o bem não é público, ou seja, se não pertence ao Município, ao Estado do Rio de Janeiro ou mesmo à União Federal, pois os bens públicos são insuscetíveis de aquisição por usucapião.

Se alguém aparecer se dizendo dono do imóvel, peça a prova da propriedade! Caso consiga permanecer no imóvel por pelo menos mais de 01 ano já será uma grande vitória e aí, neste caso, já poderá se consultar com um advogado especialista no assunto, visando no futuro interpor sua ação de usucapião.
Lembre-se que o Juiz somente lhe concederá o direito se externar sua apropriação...

Mas se o dono paga IPTU, pode ser invadido?

Se o dono do imóvel paga regularmente o IPTU ou mesmo outra obrigações referentes a este imóvel (como condomínio, por exemplo), mas não o utiliza de acordo com a sua função social, cuja obrigatoriedade está expressa na própria Constituição, ou seja, se literalmente o abandona, acaba dando possibilidades para que outrem tome posse do mesmo.

Pagar IPTU é uma das formas de exteriorização de propriedade. Há dezenas de outras formas, como a posse efetivamente exercida ou mesmo exercícios de cuidado com o bem, o que não ocorre nesse caso onde estamos discutindo, pois o dono é desconhecido e não há ninguém sequer respondendo pela coisa.

O Direito protege a posse, como também protege a propriedade, mas desde que seja exercida de acordo com sua função social. Um bom exemplo de não utilização de acordo com a função social é o imóvel largado, abandonado, mal cuidado, ou aquele que acaba se transformando em depósito de lixo e proliferação de ratos, cujo fato afeta toda uma sociedade que vive ao seu redor.

A usucapião, que é baseada na posse mansa e pacífica, se caracteriza justamente nesse ponto, ou seja, no momento em que alguém exterioriza para a sociedade por determinado período de tempo que é dono de coisa que burocraticamente ainda não é, mas, mesmo assim, exerce a devida função social dando finalidade ao que está abandonado. A partir desse momento o Direito passa a reconhecer a posse como estado de fato, exteriorizador da propriedade e ensejador de direitos, inclusive, constitucionais.

Num condomínio fechado ( juridicamente ) e fechado, cercado de fato por muro ou cerca, onde já há edificações e pessoas morando normalmente em que o proprietário paga taxa de condomínio religiosamente em dia, mas o terreno em si não está cercado, só delimitado...há a possibilidade do usucapião??

O fato do terreno estar cercado, murado ou delimitado não é óbice para a sua aquisição por usucapião. Muito menos o fato de estar sendo pago o condomínio ou mesmo o IPTU.

A posse suscetível de usucapião (posse ad usucapionem) pode ser exercida até mesmo em apartamentos (há decisões do STJ considerando tal fato, por mais incrível que possa parecer).
O que será avaliado para efeitos de usucapião é a posse mansa e pacífica pelo decurso de tempo exigido em Lei, podendo sofrer variação de acordo com a metragem do terreno, além de outros fatores.

Devemos ter sempre em mente que a posse ad usucapionem é a exteriorização da propriedade sem oposição do proprietário e sendo assim o posseiro deve deixar claro para todos o seu uso, gozo e fruição, todavia, apenas lhe faltará o direito de dispor do imóvel, pois não tem ainda título de propriedade registrado no Registro de Imóveis.

Buscará o referido título justamente com a ação de usucapião, onde o Juiz proferirá sentença declarando sua propriedade, obviamente se preenchidos todos os requisitos já mencionados.

Lembre-se que a usucapião é forma de aquisição da propriedade e para que você possa preencher seus requisitos deverá, primeiramente, verificar junto ao Cartório de Registro de Imóveis se o terreno não é bem público.
Após, deverá ocupar o terreno, externar aparência de dono (cercando, limpando, pagando IPTU, documentando isso...) e esperar o tempo correr.

Se você só ocupa, cerca, limpa e pratica ainda outros atos de dono, mas sem morar e fixar sua residência ali, o seu prazo para aquisição sobe para 15 anos.

Cabe ressaltar que os prazos que mencionei acima são para terrenos (ou casas) com metragem superior a 250 m2, pois caso o terreno em questão não ultrapasse 250 m2 no total e a pessoa ainda fixa sua residência sem possuir outro imóvel no nome, o prazo será de apenas 05 anos.

Com relação à possibilidade de algum vizinho chamar a polícia, isso é muito relativo, pois, se o terreno está abandonado, não haverá crime de invasão de domicílio.

A aquisição de propriedade por usucapião é uma situação fática de ocupação em face de aparente abandono. Acaba sendo reconhecida em sentença pelo Juiz porque é sempre calcada em anos de sustentação de "aparência" de dono por aquele que deu efetivamente função social à coisa abandonada.

Lembre-se que a base do usucapião é a função social que você dá à coisa abandonada, e essa função muitas vezes depende de quanto você gasta.

Gostaria de saber se tem como pagar um IPTU de um terreno, que não tenha sido pago há anos, e se eu pagar ele retroativo, por exemplo, 5 anos, eu tenho como ganhar o terreno para mim?

O IPTU é um tributo municipal, criado e regulado pelo legislativo municipal.
Em regra, por ser imposto (e não taxa, por exemplo), não se cogita de qualquer contraprestação.

O pagamento de tributação em atraso de um terreno abandonado não lhe dará, por si só, direito ao usucapião.

Não se compra direito ao usucapião, mas sim se adquire com o decurso do tempo.

O pagamento de tributos do terreno abandonado é apenas uma das inúmeras formas de se aparentar uma propriedade que não é sua.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Conheça a equipe de futebol que preferiu morrer a perder



Rôney Rodrigues

Nunca, em uma partida de futebol, a expressão “vida ou morte” foi tão levada a sério. O contexto histórico não era para menos. A coisa toda começou em 1941, quando a Alemanha nazista invadiu Kiev, capital da Ucrânia, trazendo centenas de prisioneiros de guerra. Entre eles, estava um tal de Nikolai Trusevich, que anos antes havia sido o badalado goleiro do Dínamo, um dos principais clubes soviéticos.
Josef Kordik, um padeiro alemão – que, por sua descendência, era tratado de maneira “mais suave” pelos nazistas – e torcedor fanático do Dínamo, caminhava distraído pela rua quando encontrou… adivinha quem? Sim, o goleiro Trusevich.
O padeiro o acolheu em sua casa, burlando a vigilância alemã e, de quebra, deu uma ideia para o goleirão: encontrar os outros jogadores do Dínamo. Em poucas semanas, a padaria já escondia, entre seus empregados, a equipe completa.
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Volta aos campos
O passo seguinte era evidente: jogar bola. Como estava proibido ao Dínamo atuar em qualquer jogo, batizaram o “novo” clube de FC Start. Começaram desafiando seleções formadas pelo III Reich como uma “desforra” pelas atrocidades praticadas pelo Exército de Hitler.
Na primeira partida, realizada em 1942, venceram por 7 a 2. Depois veio uma guarnição húngara: emplacaram 6 a 2. Depois, mais 11 gols contra uma equipe romena. A coisa foi ficando séria e já chamava a atenção dos alemães, que novamente os desafiaram e, também novamente, foram goleados por 6 a 2. Trouxeram da Hungria outra equipe para pará-los: nova goleada por 5 a 1. Pediram revanche e perderam de 3 a 2.
Com apenas uma bola, os caras ameaçavam toda a meticulosa propaganda de Hitler de superioridade da raça ariana. E isso, claro, não poderia ficar barato. Os nazistas formaram uma equipe com jogadores da Luftwaffe, o Flakelf, um grande time da época. A missão: a qualquer custo – e isso incluía violência futebolística generalizada – deveriam vencer. Só esqueceram de avisar isso para o Start, que novamente venceu, por 5 a 1.
É vida ou morte
Essa humilhação sofrida pela raça ariana não poderia ficar barato e o alto comando nazista deu ordens para fuzilar o time todo. Mas os oficiais locais queriam, antes, vencer o Star. Precisavam desmoralizá-los, primeiramente, diante do povo ucraniano, para, aí sim, matá-los.
A revanche foi marcada. O estádio de Zenit estava lotado. Um oficial da SS advertiu aos jogadores ucranianos que, em campo, saudassem o Führer, com o clássico braço esticado. Os jogadores do Start levantaram o braço diante do estádio, porém no momento da saudação, levaram a mão ao peito e gritaram “Fizculthura!” (expressão que proclama a cultura física), ao invés do obrigatório “Heil Hitler!”.
No segundo tempo, nova visita ao vestiário. Só que agora com armas! E ordens bem claras: se vencerem, ninguém vivo. Os jogadores até se propuseram a não voltar para o segundo tempo, mas pensaram em suas famílias, nos crimes cometidos pelos nazistas e nas pessoas que torciam nas arquibancadas.
Voltaram e deram um baile nos rivais. Quando já ganhavam por 5 a 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o goleiro alemão, driblou-o e, debaixo das traves, debochadamente voltou e chutou a bola para o centro do campo. O estádio veio abaixo.
Revanche sangrenta
Os nazistas deixaram que o Star saísse do campo como se nada tivesse ocorrido, mas a vingança não tardou. A Gestapo visitou a padaria e dizimou a equipe. Somente Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, sobreviveram. Aquela fatídica partida ficou conhecida, mundialmente, como o “Jogo da Morte”.
Ainda hoje, no estádio Zenit, uma placa homenageia: “aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista”.

Fotos: Duke.edu
Fontes: UOL, Ukemonde, The Guardian

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Os motivos da fome na África - Por que a comida não chega e para onde vai?


Estamos enfrentando um problema de acesso ao alimento, não de produção da comida

fome áfrica motivos
No Chifre da África, crianças dividem um copo de leite
Vivemos em um mundo de abundância. Hoje se produz comida para 12 bilhões de pessoas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), quando no planeta habitam 7 bilhões. Comida existe. Então, por que uma em cada sete pessoas no mundo passa fome?
A emergência alimentar que afeta mais de 10 milhões de pessoas no Chifre da África voltou a colocar na atualidade a fatalidade de uma catástrofe que não tem nada de natural. Secas, inundações, conflitos bélicos… contribuem para agudizar uma situação de extrema vulnerabilidade alimentar, mas não são os únicos fatores que a explicam.
A situação de fome no Chifre da África não é novidade. A Somália vive uma situação de insegurança alimentar há 20 anos. E, periodicamente, os meios de comunicação nos atingem em nossosconfortáveis sofás e nos recordam o impacto dramático da fome no mundo. Em 1984, quase um milhão de pessoas mortas na Etiópia; em 1992, 300 mil somalis faleceram por causa da fome; em 2005, quase cinco milhões de pessoas à beira da morte no Malaui, só para citar alguns casos.

Causas Políticas

A fome não é uma fatalidade inevitável que afeta determinados países. As causas da fome são políticas. Quem controla os recursos naturais (terra, água, sementes) que permitem a produção de comida? A quem beneficiam as políticas agrícolas e alimentares? Hoje, os alimentos se converteram em uma mercadoria e sua função principal, alimentar-nos, ficou em segundo plano.
fome áfrica motivos
Olhares vazios, desprovidos de esperança
Aponta-se a seca, com a consequente perda de colheitas e gado, como um dos principais desencadeadores da fome no Chifre da África, mas como se explica que países como Estados Unidos ou Austrália, que sofrem periodicamente secas severas, não sofram fomes extremas? Evidentemente, os fenômenos meteorológicos podem agravar os problemas alimentares, mas não bastam para explicar as causas da fome. No que diz respeito à produção de alimentos, o controle dos recursos naturais é chave para entender quem e para que se produz.
Em muitos países do Chifre da África, o acesso à terra é um bem escasso. A compra massiva de solo fértil por parte de investidores estrangeiros (agroindústria, governos, fundos especulativos) tem provocado a expulsão de milhares de camponeses de suas terras e diminuido a capacidade desses países de se autoabastecerem. Assim, enquanto o Programa Mundial de Alimentos tenta dar de comer a milhões de refugiados no Sudão, ocorre o paradoxo de os governos estrangeiros (Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Coreia) comprarem terras para produzir e exportar alimentos para suas populações.

Ajustes estruturais

Asim mesmo, há que se recordar que a Somália, apesar das secas recorrentes, foi um país autossuficiente na produção de alimentos até o final dos anos 1970. Sua soberania alimentar foi arrebatada em décadas posteriores. A partir dos anos 1980, as políticas impostas pelo Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial para que o país pagasse sua dívida com o Clube de Paris forçaram a aplicação de um conjunto de medidas de ajuste.
No que se refere à agricultura, estas implicaram em uma política de liberalização comercial e abertura de seus mercados, permitindo a entrada massiva de produtos subvencionados, como o arroz e o trigo, de multinacionais agroindustriais estadunidenses e europeias, que começaram a vender seus produtos abaixo de seu preço de custo e fazendo a competição desleal com os produtores autóctones.
As desvalorizações periódicas da moeda somali geraram também a alta do preço dos insumos e o fomento de uma política de monocultivos para a exportação que forçou, paulatinamente, o abandono do campo. Histórias parecidas se deram não só nos países da África, mas também nos da América Latina e Ásia.
A subida do preço de cereais básicos é outro dos elementos assinalados como detonante da fome no Chifre da África. Na Somália, os preços do milho e do sorgo vermelho aumentaram 106% e 180%, respectivamente, em apenas um ano. Na Etiópia, o custo do trigo subiu 85% em relação ao ano anterior. E, no Quênia, o milho alcançou um valor 55% superior ao de 2010.

Na Bolsa de Valores

Uma alta que converteu esses alimentos em inacessíveis. Mas, quais são as razões da escalada dos preços? Vários indícios apontam a especulação financeira com as matérias-primas alimentares como uma das causas principais.
fome áfrica motivosO preço dos alimentos se determina nas bolsas de valores – a mais importante das quais, a nível mundial, é a de Chicago –, enquanto que na Europa os alimentos se comercializam nas bolsas de futuros de Londres, Paris, Amsterdã e Frankfurt. Mas hoje em dia, a maior parte da compra e venda dessas mercadorias não corresponde a intercâmbios comerciais reais.
De acordo com Mike Masters, do Hedge Fund Masters Capital Management, calcula-se que 75% do investimento financeiro no setor agrícola é de caráter especulativo. Compram-se e vendem-se matérias-primas com o objetivo de especular e fazer negócio, repercutindo finalmente em um aumento do preço da comida para o consumidor final. Os mesmos bancos, fundos de alto risco, companhias de seguros que causaram a crise das hipotecas subprime são os que hoje especulam com a comida, aproveitando-se dos mercados globais profundamente desregulados e altamente rentáveis.

Transnacionais

A crise alimentar em escala global e a fome no Chifre da África em particular são resultado da globalização alimentar a serviço dos interesses privados. A cadeia de produção, distribuição e consumo de alimentos está nas mãos de umas poucas multinacionais que antepõem seus interesses particulares às necessidades coletivas e que, ao longo das últimas décadas, vêm destruindo, com o apoio das instituições financeiras internacionais, a capacidade dos países do sul de decidir sobre suas políticas agrícolas e alimentares.
Voltando ao princípio: por que existe fome em um mundo de abundância? A produção de alimentos se multiplicou por três desde os anos 1960, enquanto que a população mundial tão só duplicou desde então. Não estamos enfrentando um problema de produção de comida, mas sim um problema de acesso a ela. Como assinalou o relator da ONU para o direito a alimentação, Olivier de Schutter, em uma entrevista ao jornal El País: “A fome é um problema político. E uma questão de justiça social e políticas de redistribuição”.
Se queremos acabar com a fome no mundo, é urgente apostar em outras políticas agrícolas e alimentares que coloquem no seu centro as pessoas, as suas necessidades, aqueles que trabalham a terra e o ecossistema. Apostar no que o movimento internacional da Via Campesina chama de “soberania alimentar” e recuperar a capacidade de decidir sobre aquilo que comemos. Tomando emprestado um dos lemas mais conhecidos do Movimento 15-M, é necessário uma “democracia real, já” na agricultura e na alimentação.
Publicado originalmente no jornal El País
Autora: Esther Vivas, escritora e ativista espanhola
Tradução: Paulo Marques