Povo apoiava as reformas de base e o governo trabalhista, mas imprensa e conservadores, com a ajuda dos Estados Unidos, operaram um golpe de estado contra Jango e enterraram a mudança que o país buscava, em uma ditadura que durou 21 anos e custou a vida de centenas de brasileiros e causou graves danos físicos, psicológicos e morais a outros milhares.
A mentira que se repetiu milhares de vezes, na imprensa e na universidade, era de que o governo não tinha apoio popular.
Pesquisa da época, revelada pelo ibope, contradiz a falsa afirmação histórica e escancara que a, base da força bruta, a direita derrubou um presidente bem avaliado pelo povo, para retroceder em decisões já tomadas e impedir as reformas de base, como a nacionalização de bancos estrangeiros, a elaboração de uma nova constituição e a realização de uma ampla reforma agrária.
Quem não tem voto apela para viradas de mesa institucionais, temperadas com violência e perseguições implacáveis.
Confira:
Jango tinha 70% de aprovação às vésperas do golpe de 64, aponta pesquisaLevantamento do Ibope contradiz suposta fragilidade do governo de João Goulart, um dos argumentos usados pelos militares para tomar o poder, há 50 anos. Reportagem especial retrata a opinião de deputados e especialistas sobre esse período da história brasileira.
Do blog Palavras DiversasPesquisas feitas pelo Ibope às vésperas do golpe de 31 de março de 1964 mostram que o então presidente da República, João Goulart, deposto pelos militares, tinha amplo apoio popular. Doadas à Universidade de Campinhas (Unicamp) em 2003, as sondagens não foram reveladas à época.Pelos números levantados, Jango, como Goulart também era conhecido, ganharia as eleições do ano seguinte se elas tivessem ocorrido. Entrevistas realizadas na cidade de São Paulo na semana anterior ao golpe mostravam que quase 70% da população aprovavam as medidas do governo.
Em alusão aos 50 anos do golpe de 1964, a Câmara dos Deputados promoverá uma sessão solene nesta terça-feira (1º) para homenagear a resistência à ditadura militar.
Legenda: Jango cercado por militares: golpe completa 50 anos.Pesquisa contradiz militaresO professor Luiz Antônio Dias, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), afirma que uma das pesquisas do Ibope, desconhecida durante 40 anos, havia sido encomendada pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio), que fazia oposição a Jango. O especialista destaca que o levantamento derruba uma das justificativas dos militares para tomarem o poder em 1964: a de que o governo de João Goulart era frágil e impopular.“Muitos historiadores, até dez anos atrás, ainda tinham essa ideia de que Goulart caiu porque era frágil, não tinha o apoio dos partidos e, sobretudo, da população”, comenta Dias.Radicalização ideológicaHistoriador da Universidade de Brasília (UnB), Antonio Barbosa ressalta o clima de polarização ideológica que o País vivia. Para os opositores, Jango representava uma “ameaça comunista”. “A partir de 1963, cria-se um quadro de crescente radicalização: a Igreja Católica, o empresariado, as Forças Armadas e a imprensa vão assumir uma posição contrária às reformas defendidas por Jango, identificadas como a ‘comunização’, a ‘esquerdização’, a ‘bolchevização’ do Brasil”, explica.Mas para o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), o perigo comunista era real: “Estávamos à beira de ser implantada aqui a ditadura do proletariado. Os empresários e a igreja queriam que os militares assumissem o poder. Ou seja, toda sociedade queria afastar o fantasma da ditadura do proletariado que estava presente em nosso país.”Já o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) acredita que a população foi manipulada: “Criou-se a ideia de que o Brasil estava em um caos total, que Jango queria implantar o comunismo. Era a época da ‘guerra fria’, da forte polarização entre União Soviética e Estados Unidos, e acabaram fazendo uma manipulação grosseira para influenciar a opinião pública.”ImprensaO professor Luiz Antônio Dias vai além e diz que a grande imprensa participou da articulação do golpe militar. Segundo ele, esse movimento inclui todos os maiores jornais da época, como: Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.“Eram recorrentes matérias ou editorais vinculando o governo aos comunistas. Não me lembro de ter visto nenhuma afirmação direta de que Goulart fosse comunista, mas era muito comum, por exemplo, atribuir ao Ministério da Educação, um programa comunista, como a criação de cartilhas para doutrinar nossos jovens”, informa. “Outra situação relativamente comum, tanto na Folha quanto no Estadão, era a preocupação com a possibilidade de Goulart dar um golpe para se manter no poder”, completa.Dias lembra que o jornal A Última Hora, que apoiava o governo Jango, sofreu boicote de anunciantes e foi à falência, até ser comprado pela Folha de S.Paulo.
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